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João Alberto é o vereador de história única no Brasil

Raimundo Borges – Bastidores

Quatro anos depois de uma eleição frustrada com apenas 199 votos para vereador de Bacabal, o ex-senador e ex-governador do Maranhão, João Alberto de Souza, um nome histórico no MDB, foi eleito agora como campeão de votos na cidade em que foi registrado como filho, embora tenha nascido em São Vicente de Férrer. Agora, ele tem orgulho de realizar o sonho de encerrar sua longa trajetória política, representando na Câmara Municipal da cidade que o recebeu bebê. Aos 89 anos, João Alberto de Souza, tornou-se o vereador mais idoso do Brasil. E único político do Maranhão que foi deputado estadual, federal duas vezes, senador duas vezes, prefeito de Bacabal, vice-governador e governador.

Ele sempre disse que queria ser vereador de Bacabal com o único objetivo: terminar a sua carreira política se dedicando àquela cidade. Agora, como vereador mais votado, com 2.551 votos, ele poder ser o presidente da Câmara, com o apoio do prefeito eleito Roberto Costa, que obteve 55% doso votos, o mesmo percentual do atual Edivan Brandão. Roberto Costa tem uma trajetória em movimentos estudantis, assessoria política na Alema e Senado, como secretário de Esportes de Roseana Sarney e deputados estadual no 5º mandato. Mais sua referência política é com João Alberto, a família Sarney e o MDB – seu único partido.

No Brasil, o MDB, com 848 prefeitos eleitos, só perde para o PSD, que emplacou 877. Já no Maranhão, com 37 dos 217 prefeitos, hoje presidido por Marcus Brandão, só perde para o PL, com 40 chefe municipais, um a menos que quatro anos atrás. Por coincidência, no Maranhão, os dois partidos que mais cresceram foram o MDB, que saiu de sete prefeitos eleitos em 2020, para 37, e o PSB, que elegeu seis em 2020 e agora conta com 19. Significa que os Brandão estão com força total na política maranhense. Marcus Brandão preside o MDB, que ganhou de mão beijada de Roseana Sarney, a Carlos Brandão é filiado ao PSB.

João Aberto, o político maranhense mais leal ao ex-presidente José Sarney, merece o mandato conquistado, com ajuda de seu companheiro de MDB por longos anos, agora prefeito de Bacabal. Na trajetória política, o velho emedebista presidiu a legenda no Maranhão por 24 anos. Como deputado federal votou na emenda Dante de Oliveira em 1984, já no entardecer da ditadura militar de 1964. Foi eleitor de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral de 1985, com Sarney na vice. Em 1986 João Alberto foi eleito vice-governador com Epitácio Cafeteira e em 1988 se elegeu prefeito de Bacabal, sem renunciar o outro cargo. Gerou enorme crise política, pelo acúmulo de dois mandatos.

Depois de passar seis meses em 1989 como prefeito, Alberto tentou uma estranha “solução conciliadora”, licenciando-se do mandato municipal, deixando-o para o vice Jurandir Lago. No fim do prazo, finalmente ele renunciou à prefeitura e reassumiu a vice-governadoria. Em 1990, Cafeteira passou o governo ao vice para disputar o Senado. No entanto, João Alberto foi destituído do cargo pela Assembleia Legislativa, presidida por Ivar Saldanha, imediatamente empossado, ficando Maranhão com dois governadores. Em meio à conflagração instaurada, João Alberto se amotinou em seu gabinete no Palácio dos Leões, cujo prédio foi cercado pela Polícia Militar, com ordens de usar armas letais contra quem tentasse invadir a sede do governo. Uma liminar do desembargador Emésio Araújo pôs fim o imbróglio.

Como o vereador de Bacabal, João Alberto tem uma história fascinante. Chegou a ser preso na ditadura de 1964 e levado para o quartel do 24º Batalhão de Caçadores, acusado de comunista, por ter adquirido uma velha engenhoca radiofônica, que lhe permitia falar com as populações rurais de Bacabal e até aldeias indígenas da região. João Castelo, último governador biônico do regime militar, certa vez classificou João Alberto como “um comunista frustrado”, que acabou na Arena e no PDS. Seja como for, ele é hoje o único vereador do Brasil com 89 anos, que foi deputado estadual, federal, vice-governador, governador, senador e prefeito. E não ficou rico. Merece, sim o reconhecimento da população da cidade que o acolheu ainda bebê e o batizou como filho, pela imprecaução da mãe, dona Dayse Novaes Linhares.

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