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Jair Bolsonaro tem força para tirar Yglésio dos 3%

Raimundo Borges – Bastidores

Existe uma máxima na política brasileira que é o máximo de pragmatismo: “Pesquisa eleitoral não se debate em palanque, mas se combate com outra pesquisa”. As pesquisas surgem nas campanhas com a mesma desenvoltura dos tempos dos comícios e com a mesma frequência com que surgem os institutos habilitados a realizá-las. Por essa lógica que joga no chão o grau de credibilidade das pesquisas é que elas muitas delas são moldadas conforme os interesses em jogo sobre os seus resultados. Os disparates das intenções de voto que as pesquisas projetam em comparação com o resultados das urnas chegam a virar folclore na política, mas não o suficiente para os institutos recuperarem a confiança no pleito seguinte.

Alguns resultados são patéticos. Há ocasiões em que, de um dia para outro certos candidatos dão disparada nas intenções de voto, ou ao contrário, são engolidos pelos números desfavoráveis. Existem institutos que possuem estrutura e metodologia confiável para extrair as verdades sobre a preferência do eleitor ou a repulsa a candidatos. Nesses cenários as pesquisas são de extrema importância para orientar o voto sobre uma candidatura boa ou desacreditada. Assim como serve para avaliar o apoio de lideranças de fora. O ex-presidente Jair Bolsonaro, como líder da extrema direita brasileira, tem potencial para inflar candidaturas que decide apoiar ou destruir quem o rejeitar?

Em São Luís, Bolsonaro participou de uma carreata e um comício na Praça Maria Aragão em  apoio ao candidato à prefeito de Yglésio Moises que, porém, se filiou no PRTB se projetando como bolsonarista, mas sem histórico que o identifique como tal. Embora sendo direitista por convicção, no entanto, o eleitorado de São Luís não tem uma identidade ideológica de nenhuma consistência na direita ou esquerda. É de um centro desfigurado e pragmático que tende catalisar as possibilidades reais de aquisição de algo que o beneficie. Portanto, imaginar que Bolsonaro vá turbinar os 3% da candidatura de Yglésio a menos de suas semanas da eleição é algo que sai da lógica das imprevisibilidades.

Ao falar para uma cidade que em 2022 deu 60% dos votos para Lula e 39% para si na eleição presidencial, Jair Bolsonaro vai ter imensa dificuldade em transferir o hoje, fora do poder, o que recebeu dois anos atrás. Portanto não parece fácil alavancar o nome de Dr. Yglésio, sem qualquer histórico que os bolsonaristas o vejam como seu representante.  Talvez por isso, o ex-presidente preferiu usar o comício da Praça Maria Aragão para valorizar seu governo, atacar o presidente Lula, dizer que seu ministro Paulo Guedes foi melhor que o petista Fernando Haddad e que “nem dá para comparar Janja da Silva com Michelle Bolsonaro” – esta última, em tom de provocação.

Porém, o que chamou mesmo muito atenção na passagem de Bolsonaro por São Luís foi a ausência do deputado Josimar do Maranhãozinho, mandachuva no PL estadual, e qualquer outro político da legenda que, de forma inacreditável, apoia a candidatura do deputado Duarte Jr (PSB) em São Luís, junto com o PCdoB. Do mesmo jeito pareceu um ato fora da curva, a presença do presidente Lula em Alcântara, em ato oficial, sem sequer passar pelo aeroporto de São Luís, para apoiar Duarte Jr, que tanto usa a sua imagem na campanha. São os desencontros da política que em época de campanha deixam o eleitor em completo desnorteio sobre o que se passa em sua volta.

Correndo por fora desse imbróglio, o prefeito Eduardo Braide segue sozinho, com a campanha disparada nas pesquisas, com chance de ganhar no primeiro turno – sem nenhuma estrela nacional a iluminar o seu palanque eletrônico. Como não se projeta como simpatizante do esquerdismo de Lula, nem da extrema direita bolsonarista, Braide se fortalece nas ações da administração municipal, na facilidade de se comunicar no horário eleitoral e nas redes sociais e se encaixar no perfil que mais atrai o eleitor da Ilha Rebelde, com o voto pragmático de ocasião e longe da extremas ideológicas.

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