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Falta o Brasil fazer um G-20 regional

Raimundo Borges – Bastidores

Se os estados brasileiros tivessem vontade política e uma visão estratégica sobre o desenvolvimento do país, reduzindo as desigualdades que produzem pobreza e fome dentro do território nacional, bem que poderiam se unir e enfrentar essa situação. Ao invés da imoral guerra fiscal entre estados, poderia haver uma ação integrada em favor do país. 

Assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderou o movimento que resultou na aliança mundial para combater a fome e a pobreza, com 82 países comprometidos, o Brasil poderia olhar, também, para si e estabelecer um plano em que os estados ricos buscassem ajudar os empobrecidos, como os das regiões Norte e Nordeste.

No Brasil, em razão de seu território de dimensão continental, com diversidades de cor, gênero, religião, economia e cultura, as desigualdades sociais nunca foram vistas como uma questão de todos os estados. As iniciativas adotada aqui e acolá são programas do governo central, quando deveriam ser de outro modo. As disparidades reginais merecem ser atacada por esforço compartilhados de suas lideranças governamentais e políticas. 

Assim, cada estado não viveria isolado com seus problemas estruturais, como se as 27 unidades da federação não fossem uma única nação. Por esse modo de separação social, a população dos estados ricos chega ao absurdo de discriminar quem nasce e vive nos estados em desenvolvimento. De acordo com dados mais recentes, os estados mais pobres do Brasil continuam a ser os do Nordeste que, ao longo dos séculos enfrentam imensos desafios socioeconômicos e políticos mais complexos.  O Maranhão, por exemplo, há anos detém a liderança do ranking de pobreza do Brasil, graças a sua história e a localização geográfica que facilitou o tráfico negreiro na escravidão. 

Ao contrário, São Paulo e os estados do Sul receberam a imigração europeia e asiática ao longo dos séculos e se desenvolveram com outra visão de mundo. Até hoje, o estado é celeiro de mão de obra barata de baixa qualificação.

A pobreza e a fome que atingem mais de 700 milhões de pessoas no mundo, no Brasil continuam sendo um enorme desafio do governo federal. Ao discursar no encontro do G-20, o presidente Lula disse que não há falta produção de alimentos. “O mundo tem tecnologia e genética para produzir alimentos suficientes. Falta é responsabilidade para colocar o pobre no orçamento público e garantir comida.

 Tiramos 24 milhões de pessoas da fome até agora. E em 2026, não teremos brasileiros passando fome”, prometeu. Mas as desigualdades regionais são um monstro sempre pronto a desafiar as políticas sociais que se dispõem a enfrentar a pobreza e as desigualdades.

O G-20 provou que é possível o apoio de 82 governos ao redor do mundo à proposta de combater a pobreza e a fome. São países distantes e culturalmente distintos, mas quase todos enfrentando o drama social das desigualdades fontes da pobreza e da fome. 

Assim como as tecnologias avançam aceleradamente para influenciar e mudar o modo de vida da humanidade, por que então não usá-las para quebrar os paradigmas das suas desigualdades? O Brasil deu uma lição nas potências mundiais, mas precisa liderar um movimento interno para que os estados ricos ajudem os pobres a superar as suas dificuldades.

Assim como os brasileiros aprenderam a se unir, independentemente de condição social, nos esforços para combater a epidemia da Convid19 e as tragédias climáticas, como a do Rio Grande do Sul, seria o momento de os ricos olharem para a pobreza não com desprezo e racismo como fizeram estudantes da PUC contra atletas de cotas raciais da USP, mas como um problema que pertence a todos. 

Afinal, a pobreza histórica não é uma epidemia incurável, mas um drama social resultante da exploração do homem, do egoísmo e da cultura desumanizada dos acumuladores de riqueza. Seria preciso haver um G-10 brasileiro?

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