Eleição de São Luís perto de acabar neste domingo
Raimundo Borges – Bastidores
O jogo político eleitoral tem suas regras elementares, mas também as artimanhas que, no entanto, acabam contando uma história para cada eleição. Em São Luís, a eleição de prefeito de 2016 foi para o segundo turno entre o mandatário Edivaldo Holanda Jr (PDT) e o então deputado estadual Eduardo Braide (Podemos). O pedetista foi reeleito, mas Braide esperou para 2020 voltar, já liderando as pesquisas desde quando foi lançado candidato. Com uma eleição marcada por regras sanitárias da Covid/19, Braide, já como deputado federal, ganhou no segundo turno, por 55,5% votos, o então deputado estadual Duarte Júnior, que havia trocado o PCdoB pelo Republicanos.
A eleição de 2020 foi toda esquisita. O prefeito Edivaldo Júnior não apoiou nenhuma candidato à sua sucessão, mas deixou para o último ano de mandato as inaugurações das principais obras que marcaram sua gestão: centenas de praças por toda a área urbana da capital. O governador Flávio Dino apoiou Duarte Junior, mas sem arregaçar as mangas. Ele estava mais preocupado com a covid/19. Em maio, ele foi a primeira autoridade brasileira a decretar lockdown nas cidades da Grande Ilha, quando o vírus estava em carga máxima, com mais de 400 infecções no Estado em 24h e mais de 40 óbitos em uma semana. Em agosto, o escritor Sálvio Dino, pai do governador, foi uma das vítimas fatais do coronavírus.
Quatro anos depois, a eleição dos 412 anos da capital maranhense está construindo sua história. Eduardo Braide começou a governar em 2021 dentro da pandemia e também a encarou com determinação. São Luís foi a primeira capital brasileira a começar vacinar maiores de idade junto com as portadoras de comorbidade, quando apenas crianças recebiam doses. Hoje ainda há campanha de vacinação em massa para atualização da carteira vacinal. Mas o que fez seu favoritismo disparar foram obras nas áreas de saúde e de trânsito. O prefeito pôs em prática a maior mudança no sistema viário de São Luís, destravando o trânsito nas principais avenidas, que agradou a população.
Pontuando ao redor de 63% nas pesquisas de intenção de voto, Braide navega em céu de brigadeiro rumo ao primeiro turno. Sem padrinho federal ou estadual, nem grupo político de peso, o prefeito adotou uma estratégia de campanha e de governo que, uma conjugada à outra, ganhou a alta aprovação popular. Sem participar de debates, Braide tem usado como ótima estratégia, o horário eleitoral para dizer o que o eleitor quer ouvir de um prefeito. Sabe explorar positivamente as redes sociais e não revela pendor ideológico de direita ou de esquerda. Se ganhar no primeiro turno, vai começar a falar de 2026.
O maior desafio dos candidatos de baixa pontuação nas pesquisas é fazer o eleitor decidido mudar de opinião e atrair a faixa de indecisos. Já o prefeito Braide é desafiado a chegar no próximo domingo sem perder o que tem, fechando a porteira do segundo turno. É tudo que Duarte vai tentar impedir. Ele tem uma campanha bem produzida e joga todos os recursos disponíveis para evitar que Braide mate a charada agora. As pesquisas nacionais sobre a capitais em que podem ocorrer dois turnos das eleições de prefeito, São Luís não está incluído, principalmente, depois que Braide chegou a 63% na última Quaest.
O fato curioso sobre a última pesquisa eleitoral da Quaest, divulgada na sexta-feira, 27, foi o baixo número de indecisos, nulos e brancos – apenas 4%. Significa que nenhum candidato terá como mudar o cenário mostrado na estimulada agindo sobre essa faixa eleitoral. Com quase três vezes de intenção de voto acima do segundo colocado, o prefeito Eduardo Braide tem adotado a estratégia política de não comparecer aos debates televisivos. Portanto, ele chega à reta final tentando, ainda se possível, capturar uma fatia do chamado “voto útil”, aquele que o eleitor vota no candidato que está na frente, embora não sendo este sua a primeira opção.