Coluna

Disputa eleitoral deste ano embaralha São Luís

Raimundo Borges – Bastidores

Faltando 45 dias para as eleições municipais, a disputa da prefeitura de São Luís, principal município do Maranhão, é travada num cenário totalmente diferente de quatro anos atrás, com todos mascarados contra a Covid19 – sem corpo a corpo, sem comícios e com as redes sociais ocupando o principal espaço na campanha. O prefeito Eduardo Braide (PSD) era deputado federal do Podemos e não recebeu o apoio do antecessor Edivaldo Holanda Júnior, que ficou equidistante do pleito. Braide tinha como principal adversário o então deputado estadual Duarte Jr, no Partido Republicanos e hoje deputado federal do PSB.

No primeiro turno, o governador Flávio Dino, ainda no PCdoB, ficou fora da campanha eleitoral, embora apoiando aqui e acolá os candidatos de seu grupo que juntava 16 partidos que iam da esquerda “comunista” à direita bolsonarista. Dino estava de luto pela morte do pai, o escritor e acadêmico da AML Sálvio Dino, uma das 10 mil vítimas fatais da Covid até agosto de 2020. Por coincidência, neste sábado, 24 faz quatro anos daquela perda familiar do então governador, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal e fora da militância política, em razão das regras regimentais para o cargo máximo do Poder Judiciário brasileiro.

O vice-governador de então Carlos Brandão estava no Republicanos e só em 2021 retornou ao PSDB, como presidente regional. Teve participação direta na campanha municipal do interior, já sustentando a bandeira do municipalismo. Em agosto de 2020, Carlos Braide aparecia com 43% na pesquisa do Ibope, contra 14% de Duarte Júnior, que acabou vencendo-o no segundo turno, numa campanha acirradíssima. Hoje, os dois voltaram à dianteira do pelotão de oito candidatos que concorrem ao mesmo cargo principal no Palácio La Ravardière. A diferença é que o governador Carlos Brandão (PSB) está arregaçando as mangas por Duarte, que aparece nas pesquisas com menos da metade da posição de Braide.

Em 2020, Flávio Dino e o presidente Jair Bolsonaro estavam no auge das divergências, com trocas de farpas e ironias entre os dois mandatários. Agora, Dino só tenta manter o legado político que construiu, mas sem interferir na campanha. Carlos Brandão é governador e atua para lastrear seu próprio espaço, esperando eleger em torno de 150 prefeitos dos partidos da base aliada, segundo projeção do secretário da Casa Civil, Sebastião Madeira. E Jair Bolsonaro, filiado ao PL como ex-presidente, mas com forte influência na extrema direita. No Maranhão seu partido não sinaliza eleger nenhum prefeito nos grandes municípios.

Ademais, são visíveis as congruências políticas na campanha eleitoral de São Luís. A senadora Eliziane Gama, do PSD e ligada a Flávio Dino, declarou apoio ao candidato Duarte Jr, do PSB e a não Braide, de seu partido. Jair Bolsonaro, segundo informações das redes, deve vir a São Luís apoiar o candidato Yglésio Moises (PRTB), porque o PL, comandando pelo deputado Josimar do Maranhãozinho está na coligação de Duarte, articulada por Brandão, que junta no mesmo palanque a federação PT-PCdoB-PV. O PL de Bolsonaro também está nessa mistura que segue as adaptações locais, cuja regra é exatamente não se encaixar no espectro ideológico que divide e o país entre Bolsonarismo e Lulismo.

Se Bolsonaro vir a São Luís pedir voto para Yglésio corre o risco de se dar mal. Ele aparece na última pesquisa Datailha, nesta semana, com 0,5% das intenções de voto. Será que o “mito” vem socorrer um candidato tão distante nas pesquisas, apenas por ser neobolsonarista? Também ninguém sabe se o presidente Luiz Inácio Lula subirá no palanque de Duarte Júnior por ter a vice Isabelle Passinho, filiada ao PT.

Não é o que parece. Afinal, o governador Carlos Brandão acaba de exonerar o vice-governador petista Felipe Camarão, da Secretaria de Educação, onde estava desde 2016. Os dois não estão rompidos, mas o ato não deixa de abalar as estruturas do projeto de Camarão ser candidato a governador em 2026, de mãos dadas com Brandão, concorrendo ao Senado, assim como aconteceu em 2022 entre ele e Flávio Dino.

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