Brandão não rompeu com o vice Camarão, mas congelou relação?
Raimundo Borges – Bastidores
Dizem que dois petistas reunidos já são suficientes para render uma briga, quanto mais uma assembleia de convenção ou encontro de “táticas” do PT. Portanto, é sintomático que o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tenha esboçado qualquer reação à exoneração do seu filiado mais ilustre no Maranhão, o vice-governador Felipe Camarão, da Secretaria de Educação, em ato do governador Carlos Brandão, na semana passada. Dois anos atrás, em junho de 2022, Camarão foi levado para o PT pelo ex-governador Flávio Dino, seguido de sua indicação para vice de Brandão, sob protesto do grupo liderado petista Honorato Fernandes, que preferia a indicação do senador Weverton Rocha (PDT).
Uma foto do Encontro de Táticas do PT maranhense marcou um ato histórico. Flávio Dino, Carlos Brandão e Felipe Camarão, todos rindo no clássico gesto de mãos erguidas. Na ponta esquerda estava o neopetista fazendo o V de vitória. Brandão já estava no PSB desde janeiro de 2022, junto com Flávio Dino, que deixara o PCdoB em 2021. Aquela foto era o resultado de uma articulação de Dino, com o aval do então pré-candidato presidencial Lula da Silva. O governador filho de Colinas, onde a família tem os pés e mãos marcadas pelo agronegócio, experimentava novo ambiente. Brandão deixava para trás uma longa vivência no PSDB e se tornava “socialista” do PSB.
Dois anos se passaram e a história política de Maranhão deu cambalhotas que até hoje tem muita gente procurando entender como Camarão, um jovem procurador federal e professor da Ufma, foi parar no PT; como Brandão trocou o PSDB pelo PSB; e como Flávio Dino, eleito senador mais votado da história do Maranhão aceitou ser ministro da Justiça e depois trocar oito anos de mandato no Senado por uma toga de ministro do STF. Ainda mais difícil de entender é a exoneração de Felipe Camarão da Secretaria de Educação, a mais política do Estado, num contexto de tornar-se pré-candidato a governador em 2026. Ele, apenas como vice-governador estará no projeto político que envolve Brandão concorrendo ao Senado?
Depois da demissão, Camarão gravou vídeo nas redes passando a ideia de que tudo está como dantes no Quartel de Abrantes. Teve uma conversa “franca e agradável” com Brandão, como quem diz: “É a vida que segue”. Já Brandão disse que a troca na Seduc pela colinense Jandira de Araújo Silva não quebra o acordo de 2022, formulada por Flávio Dino para 2026. Mas no Palácio dos Leões especulam-se que o agravante da demissão do vice foi ele ter aceito no primeiro momento e depois recusado coordenar a campanha do deputado Duarte Júnior, apoiado por Brandão, à prefeitura de São Luís. Significa que Brandão e Camarão estão em paz, mas com uma cortina de fumaça cobrindo o horizonte político de 2026. Como as próximas eleições gerais têm tudo a ver com as de outubro deste ano, as peças do jogo só vão começar a ser jogadas pra valer a partir de janeiro, com a posse dos prefeitos e vereadores. Os partidos que elegerem mais mandatários obviamente que terão maior peso no movimento das peças. Outro ponto a considerar são as duas vagas de senador. Se Brandão deixar o governo em abril para o vice Felipe Camarão, o cenário é totalmente diferente se ele resolver ficar até o fim do mandato e indicar quem pretender eleger em sua sucessão e quem apoiar para as duas vagas no Senado Federal. Nessa hipótese, não escapa nem Iracema Vale, nem Eduardo Braide se for reeleito no 1º turno.
Vestindo a camisa
O que ninguém esperava, acabou acontecendo no último fim de semana. O vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão (PT), foi “flagrado” vestido na camisa do candidato do PSB à Prefeitura de São Luís, deputado federal Duarte Júnior (PSB). Mesmo sem ter aceito coordenar a campanha do “socialista” Duarte, os dois estavam juntos em ato político em São Luís. Camarão, segundo o blog do jornalista Gilberto Leda, tem mostrado entusiasmo com a campanha de Duarte Jr.