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Ano acaba, mas arrasta os velhos desafios para 2025

Raimundo Borges – Bastidores

O ano de 2024 chega ao fim, com o Brasil mergulhado na crise política que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva herdou em 2023. Mesmo com os fundamentos da economia indicando dados históricos de bons resultados, a relação entre governo e Congresso vai de mal a pior. Ultrapassa a metade do mandato presidencial em franco processo de corrosão. São novos personagens e novos ingredientes a incendiar as eleições de 2026. Nem sendo 2025 um ano sem eleição fez a divisão do Brasil entre direita e esquerda perder força no Congresso Nacional e na já aquecida pré-disputa de 2026. Com minoria na Câmara e no Senado, o governo petista não consegue sair das cordas. Falta espaço para diálogo e sobra radicalismo para a confrontação.

O PT continua irredutível sobre a disputa presidencial de 2026. Acha que só o presidente Lula seria capaz de vencer um representante do bolsonarismo que, por sua vez, só encontra no próprio Jair Bolsonaro a figura de quem ameaçaria a reeleição do petista. Lula chega à metade do mandato com a economia respondendo acima das expectativas, mas a incerteza sobre o controle das contas do governo e o temor de a inflação sair do controle é o fantasma que assusta o PT e corrói a popularidade do presidente. Mesmo com o Produto Interno Bruto bombando ao redor de 3,5%, no entanto, nem tudo são rosas no Planalto.

No Maranhão, o governador Carlos Brandão termina o primeiro biênio de sua gestão com a aprovação nas alturas (acima de 60%), porem percebe que existe uma oposição saída do próprio grupo que Flávio Dino liderou desde 2014, fazendo o barulho que o colinense não estava acostumado a ouvir. A partir da disputa pela presidência da Assembleia Legislativas, o bloco liderado pelo deputado Othelino Neto (SD) já mostra que está pronto para o confronto dentro e fora do parlamento. É a tentativa de demarcar espaço para as eleições majoritárias daqui a dois anos. Aos poucos, a figura do prefeito Eduardo Braide vai aparecendo como quem pretende ser protagonista no enrede da eleição de governador em 2026.

Até agora, Brandão não tem ainda o enredo definido para as próximas eleições. Não sabe se vai disputar o Senado ou se ficará o mandato inteiro, ou ainda se vai passar a faixa ao vice-governador Felipe Camarão e fazê-lo candidato. Nessa hipótese, o grupo dinista-brandonista estará preservado para seguir adiante. Caso contrário, com Brandão ficando no governo até o fim do mandato, o enredo muda e suas figuras de destaque, também. Brandão terá que buscar um nome capaz de fazê-lo vencer a corrida ao Palácio dos Leões, com ele dando as coordenadas. Os nomes até aqui expostos poderão ser André Fufuca (PP), Iracema Vale (PSB), Orleans Brandão (MDB), ou quem as pesquisas vierem apontar.

Por sua vez, a oposição está mergulhada nas dificuldades de criar uma candidatura forte para competir com um governista e seus tentáculos espalhados por todos os 217 municípios. Seria alguém com perfil parecido com o potencial de Flávio Dino em 2014, quando desmantelou o sistema sarneísta e assumiu o papel de líder da mudança. O prefeito Eduardo Braide, reeleito com 70,12% dos votos na capital maranhense, é visto como o nome mais eleitoral da oposição, mas tem o desafio de, até agora, não contar com um grupo política capaz de enfrentar a máquina governamental e partidária espalhada pelo interior.

Com o apoio mais robusta que um governo do Maranhão tem recebido do Palácio do Planalto desde os anos de governadores biônicos da ditadura, Brandão está com a faca e o queijo na mão para os desafios de 2026, se Lula for para a reeleição. Mesmo assim, cada eleição tem a sua história e seus personagens. Até o nome ‘majoritária’ já diz tudo. É preciso juntar grupo, dinheiro, prefeitos, lideranças avulsas, marqueteiros, mídias, força popular, ter o eleitorado como aliado e o Palácio dos Leões atuando a favor. A máquina de fazer governador não ganha eleição apostando na sorte, como se faz na megasena da virada.

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