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A polarização nacional passou longe das eleições municipais no Maranhão

Raimundo Borges – Bastidores

Um dado importante ainda não entrou nas análises sobre as eleições municipais do Maranhão. Mas ele é importante para o futuro político do Estado. Dos prefeitos eleitos nas 10 maiores cidades, que somam 2,2 milhões de habitantes, apenas o de São Luís, Eduardo Braide, e o de São José de Ribamar, Júlio Matos, o Dr. Julinho, foram reeleitos. Os demais vão entrar 2025 como estreantes na administração municipal. Os novos prefeitos são Gentil Neto em Caxias; Fred Campos em Paço do Lumiar; Rafael Brito em Timon; Chiquinho FC em Codó; Roberto Costa em Bacabal; Dr. Benjamim em Açailândia; Alan da Marissol em Balsas; e o que for eleito em Imperatriz, entre Rildo Amaral e Mariana Carvalho.

A política do Maranhão está andando mancando em relação a divisão polarizada entre esquerda e direita. Dos 216 prefeitos eleitos, nenhum é de esquerda, muito menos pode ser classificado de direita ou extrema direita. O prefeito Eduardo Braide foi eleito sobre o plano de obras que realiza em São Luís e sua empatia com a população. Ele soube se colocar na posição da população e expressar essa condição na comunicação pessoal, na defesa de suas crenças e valores. Jamais se manifestou politicamente adotando posição ideológica de direita, preferindo o conforto de estar no centro, sem precisar se identificar.

O governador Carlos Brandão é filiado ao PSB, uma legenda de esquerda, mas nada leva-o a ser considerado pelo viés socialista. É um tucano nato, procedente do PFL, com passagem pelo PRB que, em 2010, reduziu o nome para Republicanos. Trata-se de um partido de direita, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Em março de 2022, ainda como vice-governador, Brandão assinou a ficha do PSB junto com outro tucano histórico, Geraldo Alckmin, quatro vezes governador de São Paulo, passando a ser o indicado para vice na chapa do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Portanto, as eleições do dia 6 deste mês no Maranhão não provocaram qualquer alteração na concepção política do eleitorado nem nas práticas de governança. Os prefeitos eleitos são mais vinculados aos deputados estaduais e federais e ao governo do Estado, do que às ideias que polarizam hoje o Brasil. Quem é Lula não foi à campo pedir voto usando o prestígio do presidente da República, assim também se portaram os bolsonaristas do Maranhão. Apenas o candidato a prefeito Yglésio Moises assumiu a postura de ser o “Zero Um” de Bolsonaro na política maranhense.

No cenário nacional o que se pode dizer sobre partidos ideológicos é que, o PT, entre os grandes, é o único considerado de esquerda, junto com o seu aliado de sempre, o PCdoB. Mesmo assim, nem todo o petista é esquerdista, como também nem todo esquerdista é petista. O que não é o caso da direita. Os extremistas militantes fundamentalistas assumem o que entendem representar como seres políticos. Já no espetro de centro há um campo de convivência pacífica no qual cabe um monte de atores políticos não cobrados por ideologia. O Centrão, por exemplo, é um espaço em que se agrupam nas bancadas que mandam no Congresso com poder infinito de pressão sobre o Executivo.

O prefeito Eduardo Braide, logo após ser reeleito entendeu que o resultado da votação histórica que recebeu foi a prova de que “há um caminho para superar a polarização que tem marcado a política brasileira”. Não disse qual, mas deixou implícito. Certamente que o cenário eleitoral na capital maranhense foi peculiar, com um candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva – Duarte Júnior (PSB) – e outro, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro – Yglésio Moises. O primeiro recebeu 22,56% dos votos e o segundo, assumidamente bolsonarista, não passou dos 3,12%, contra o capote de 70,12 de Eduardo Braide, trilhando pelo centro.

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