2º turno jogou Imperatriz no centro político do MA
Raimundo Borges – Bastidores
Em 2007, um projeto de decreto legislativo do Senador Edison Lobão chegou a ser aprovado na CCJ do Senado, estabelecendo o plebiscito para a criação do Estado Maranhão do Sul, tendo Imperatriz como a capital. A nova unidade da federação pegaria 49 municípios em uma área de 150 mil km2. Só não foi criado por causa de uma PEC do deputado maranhense César Bandeira (PFL), que estabeleceu como regra para desmembrar estado ou município, o plebiscito abrangendo tanto a população da parte emancipada como da originária. Foi um golpe mortal em todos os projetos de redivisão do Brasil em curso no Congresso Nacional.
Agora, em 2024, Imperatriz ganhou outra forma de maioridade política. Com 201 mil eleitores se transformou na primeira cidade do interior maranhense a realizar eleição em dois turnos. Sem dúvida, está sendo uma estreia de levantar fumaça no cenário político. O deputado estadual Rildo Amaral (PP) e Mariana Carvalho (Republicanos) estão engalfinhados numa batalha que envolve até o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro dos Esportes André Fufuca, o governador Carlos Brandão e seu secretário da Casa Civil Sebastião Madeira, além do 3º colocado no 1º turno, Josivaldo JP e o 4º, Marco Aurélio. Está materializado, portanto, o jogo da extrema direita com Bolsonaro apoiando Mariana contra a direita encabulada e a esquerda reduzida do lado de Rildo Amaral.
Tal confronto sugere uma disputa apertada. Embora Amaral esteja liderando as pesquisas, mas Bolsonaro promete virar “hospede” de Mariana por pelo menos três dias em Imperatriz. Ele sabe que a região é dominada pelo bolsonarismo, latente no ambiente do agronegócio que se propaga do sul do Maranhão para outras regiões. Imperatriz conta com várias indústrias, sendo a mais poderosa, a Suzano produzindo celulose em grande escala e papel. Em 2022, Bolsonaro ganhou em Imperatriz contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já o governador Carlos Brandão que tinha secretários atuando do lados de JP e de Rildo no 1º turno, agora, vai botar a máquina de um lado só.
Um fato que não pode passar despercebido é o distanciamento do senador Weverton Rocha, influente líder do PDT, nessa batalha política mais importante da história, travada em sua terra natal. Já Carlos Brandão não se incorporou à eleição de São Luís entre Eduardo Braide e o deputado Duarte Júnior, também ficou no muro em Imperatriz, onde os secretários Sebastião Madeira apoiou Rildo e Sérgio Macedo, Josivaldo JP. Agora, Brandão está com agenda carregada na cidade do Frei Procópio. Já Bolsonaro quer mostrar força no Estado em que o “comunista” Flávio Dino, seu algoz, fez o que quis em oito anos.
Assim como em São Luís o PT não colocou candidato a prefeito, a mesma posição de fez presente em Imperatriz, cidade que o partido já colocou Jomar Fernandes, em 2001, na prefeitura, seguido da esposa dele, Teresinha Fernandes. Agora, como o principal polo de desenvolvimento do interior do Estado, a ex-quase capital do Maranhão do Sul realiza uma eleição que mexe com os nervos até de quem não tem nenhuma relação com sua população, como faz o chefe do bolsonarismo. Ele acha que foi responsável por levar Mariana Carvalho ao 2º turno, após ela passar toda a campanha aparecendo em 3o lugar nas pesquisas, bem distante de Josivaldo e Rildo.
Desde sua criação por obra dos bandeirantes que se embrenharam nas entranhas do Brasil colonial nos séculos XVIII e XIX, partindo de São Paulo, hoje, com 273 110 habitantes e centro da Região Metropolitana do Sudoeste Maranhense, Imperatriz é uma gigante. Cresceu sob o impacto de convulsões sociais, nascidas no campo em cima da questão agrária e hoje se tornou a principal cidade cortada pelo Rio Tocantins, a Rodovia Belém-Brasília, no maior entroncamento comercial, energético e econômico do estado. Está num cruzamento entre o polo de soja de Balsas no Sul, a extração de madeira na divisa com o Pará, a siderurgia em Açailândia e a agricultura familiar. Portanto, o eleitor não pode ignorar esses fatos no dia 27, 2º turno.