Professores denunciam precarização e humilhação em escola técnica no Maranhão
Maria Marlene Miranda Aguiar
Um artigo científico revela a precarização das condições de trabalho e o mal-estar enfrentado por professores de uma escola técnica no Maranhão. Relatos mostram que os conselhos de classe, são reuniões avaliativas nas quais são apontadas as dificuldades dos alunos, dos professores e das instituições de ensino, na busca por melhorias na educação, no entanto, na referida instituição, em vez de promoverem melhorias pedagógicas, tornaram-se momentos de desrespeito e humilhação, levando educadores a situações de ansiedade, depressão e vergonha coletiva. Até mesmo para aqueles professores que não são mencionados no “conselho”, o momento torna-se frustrante, pois sentem vergonha e mal-estar pelos professores citados – é o que Harkot-
de-La-Taille (1999, p. 136) chamou de “vergonha por contágio – que é a vergonha de ver os outros passarem vergonha”.
Os professores denunciam que as reuniões, longe de seguirem as diretrizes do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI 2023/2027) da escola, são marcadas por críticas públicas desestimulantes, configurando um ambiente prejudicial à saúde dos docentes. A prática, segundo o estudo, viola a Lei nº 14.681/2023 (Brasil, 2023), que institui a Política de Bem-Estar e Valorização dos Profissionais da Educação.
Além disso, a gestão escolar é apontada como responsável por adotar práticas de controle que desvalorizam os docentes, agravando problemas de saúde mental. Em razão disso, Borges (2020, p. 153) afirma que “os professores precisam de respeito, dignidade e valorização do trabalho realizado, tanto pelos alunos, como pais, gestores e pelo próprio Estado”.
De acordo com a opinião dos professores, as falas dos alunos nos “conselhos de classe” não são coerentes, e não resolvem os reais problemas fundantes da aprendizagem deles. O que realmente acontece são ofensas, injúrias, ultrajes e desacatos. Neste sentido, é necessário haver direcionamentos, uma filtragem para atingir as reais dificuldades de aprendizagem dos alunos. A situação exige ações urgentes do governo estadual e das autoridades educacionais para resgatar a dignidade e as condições de trabalho dos profissionais, que são essenciais para a eficácia do ensino.
REFERÊNCIAS
BORGES, K. P. Trabalho, precarização e adoecimento docente. 1. ed. Curitiba, PR: Appris, 2020.
BRASIL. Lei Nº 14.681, de 18 de setembro de 2023. Institui a política de bem-estar, saúde e qualidade de vida no trabalho e valorização dos profissionais da educação. Disponível em: https://normas.leg.br/?urn=urn:lex:br:federal:lei:2023-09-18;14681. Acesso em: 22 jan. 2024.
HARKOT-DE-LA-TAILLE, Elizabeth. Ensaio Semiótico sobre a vergonha. São Paulo: Humanitas/ FFLCH/USP, 1999.
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO. IEMA. PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional 2023-2027. Disponível em: https://iema.ma.gov.br/wp-content/uploads/2023/03/PDI-2023-2027-VERSAO-FINAL…pdf.