opinião

O casamento do divórcio

Magno Figueiredo – jornalista, ma.figa@hotmail.com

Cerimônia que faz parte da intimidade das pessoas, das famílias, o casamento, ganha notoriedade quando os seus personagens resolvem propulsa-lo através a ostentação de várias formas, entre elas, pelo poder, pela riqueza ou por fatos hilários a mais ou a menos do nível de cada um, sem esquecer em certas ocasiões até o exótico. Além da mídia eventual, as redes sociais, encarregam-se de esparramar sua repercussão.


Vejo na ilha rebelde, ganhando intensa repercussão a oficialização do matrimônio do Ministro Flávio Dino.

O casamento bem aventurado do Ministro, vai servir, pelo que se propala, para sacramentar o seu divórcio politico com o Governador Carlos Brandão. Ao não ser convidado, o Governador sentiu-se, presume-se, alijado do rol dos intimos dos nubentes. Daí a metáfora aplicada na manchete.


Um casamento que parecia perfeito, pelo visto está sendo desfeito na mesma média dos casamentos dos brasileiros ou seja com pouco mais de dez anos.


Discreto e reservado como é, Flávio Dino, restringiu a sua cerimônia à convidados, diría mais íntimos e na maioria com foco menor na política.


Com parlamentares estaduais e federais contados à dedo, sem Prefeitos, sem a nata do judiciário local, caracterizando-se o evento pelo grau mais intimista possível
No aspecto politico alguns poucos podem sair perdendo ou ganhando. Por exemplo, quem pretende disputar eleição majoritária, que pelos seus limites, exige sobretudo lealdade canina para a sua efetiva composição e, que agora estarão submetidos à desconfiança. Quem parecia transitar com absoluta discrição nos dois lados, agora terá de fincar bandeira de um lado só. Essa é apenas uma observação en passant.


O Governador e o Ministro, ambos com personalidades fortes, tendiam a se bicar, a qualquer momento, pelo choque de poderes e de interesses politiicos, como a sucessão governamental, cada um na sua proporção. Quem tem a caneta e a chave do cofre na mão, tende a levar vantagem. Trabalhar contra o estado na esfera federal, seria inaceitável e um tiro no pé. Calcule-se a vantagem momentânea de Brandão, que chega exatamente na metade do seu mandato, coincidindo com uma nova safra de Prefeitos ávidos por obras e prestígio junto ao Governo do estado. Saber administrar com maestria essa fase regressiva é a questão em voga. Como conciliar interesses. Como avaliar nomes, suplantar barreiras à vista de todos. A sucessão estadual, candidaturas para o Senado, é para uma outra página oportuna.


Por enquanto, cabe analisar os desdobramentos iniciais desse divórcio.

Em 2003 pude conhecer o Flávio Dino, na condição de Juiz Federal, quando o convidei para proferir palestra dirigida à Prefeitos de todo o Brasil, no Hotel Ceasar Park em Fortaleza. Prefeitos de cidades importantes como, Londrina, Uberaba, Uberlândia, Sorocaba, Campos dos Goytacazes, Ribeirão Preto, Caxias do Sul, Paulista-PE, dentre outras, ficaram impressionados, com a argúcia, a inteligência e o seu grande poder de oratória. Pequeno entrevero com o Prefeito de Miguel Alves, município do Piauí, que sem cabotinismo, contra argumentou ser Professor Titular de Direito Constitucional da Universidade Federal do Piauí, com formação em Havard. Debate de alto nível. Dino já demonstrava o seu viés ideológico à esquerda.


Ao encontrar os saudosos amigos Roberto Fernandes e Fernando Junior, dois expoentes do jornalismo e das pesquisas eleitorais, vaticínei que em breve Flávio Dino seria Governador do Maranhão. Ouviram céticos, afinal, ninguém sabia quem era Flávio Dino de perto.
Hoje 21 anos após, do alto de seus 56 anos, tendo exercido altas funções como: Juiz Federal, Deputado Federal, Governador por dois períodos, Ministro da Justiça, Senador com o mandato proporcionado por mais de dois milhões de gonçalvinos, exercido por tempo recorde, digno, do guiness book e ainda deixando como divicia inaproveitável a entrada definitiva no paraíso – assim é considerado o Senado Federal, por políticos que lá conviveram por décadas – de figura sem qualquer expressão e neófita na política maranhense, capaz de chamar o nosso extraordinário vulto da cultura, Graça Aranha, de escritora., dentre outras barbaridades. Se já não bastasse, o Flávio Dino ter colado a sua boa imagem a outras duas figuras que hoje completam a pior representação da história do Maranhão, diría pífia, pelo seu grau moral e intelectual, no Senado Federal. 

O nosso estado ja fora representado por nomes da estirpe de La Roque, Millet, Sarney, Alexandre Costa, Cafeteira, Lobão, Vitorino Freire, Sebastião Archer, Eugênio Barros, Chateaubriand e Lima Campos, entre outros. Essa tribuna que já fora assomada por sumidades como Rui Barbosa, Gustavo Capanema e Afonso Arinos de Mello Franco, Juscelino Kabitschek, Getúlio Vargas e, politicos de peso como: Apolônio Sales, Juracy Magalhães, Tasso Jereissati, Tancredo Neves, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, Franco Montoro. Vejam a discrepância para essas figurinhas que representam o Maranhão. Simplesmente é a falência da política do Maranhão.


Tenho a plena convicção que no Senado Federal a atuação do Flávio Dino, seria marcante. Lá estaria estampada a sua grande capacidade jurídica, criatividade legislativa e com certeza passaria a integrar a galeria dos grandes nomes retratados acima. Por todos esses fatos relativos ao Senado, vejo, em última análise, que Dino não teve simbiose com aquela Casa. Ministro do Supremo Tribunal Federal, poder supremo extremamente desgastado, vivendo eternamente em querelas e contradições, com decisões dúbias, algumas tomadas monocraticamente, com alguns de seus magistrados tendo a sua capacidade jurídica eternamente questionada.

Dino em sua primeira cutucada nas emendas parlamentares, de sucesso parcial, já mereceu repercussão.


Um currículo notável, invejável, fruto da sua capacidade como jurista e parlamentar, quando pôde exibir a sua extraordinária oratória acunhada no sarcasmo e no bom repertório irônico, elementos vitais para enfrentamentos em debates. Ia esquecendo, integra a Academia Maranhese de Letras, que é composta por alguns respeitáveis intelectuais, outros medianos e, alguns medíocres eleitos, frutos do tempo e da safra escassa. Qualquer cidadão com um currículo desses dormiria com pijamas de seda, aguardando sempre o alvorecer com rosas cintilantes em seu jardim. 

Quando pendurou a toga para a sua primeira investida eleitoral, recebera todas as garantias do então Governador Zé Reinaldo, que com o mapa eleitoral do estado na mão, lhe ofereceria os melhores filões de votos para um mandato de Deputado Federal. Mandato este que foi honrado e reconhecido pela grande mídia. A política parece persegui-lo ou melhor instiga-lo.


Se alguém perguntasse, o Flávio Dino é um bom político? Diria sem pestanejar, não. Retiradas as suas qualidades intelectuais e morais, o seu estilo não agrada, seletivo, não tem o carisma, empatia.

Quando Governador a toga não deslizou de suas costas. Não incorporou o estilo que agradasse os convivas do ramo, principalnente do interior. Não deixou obras físicas marcantes, capazes de víncula-lo positivamente. A industrialização do estado quase zero, o turismo se arrastando, quando já deveria ter alcançado outros níveis, a educação avançou menos do que devia, a saúde em péssimo estágio.


Ainda hoje o seu sonho é chegar a Presidência da República. O buraco aí é mais embaixo, quem lhe ofereceria as condições para que sua toga fosse pendurada outra vez?
No período da crise de 8 de janeiro, ganhou uma exposição midiatica extraordinária, capaz de posiciona-lo em direção à rampa. Gerou ciúmes da petezada, que não vê no Dino o minimo de historico partidário, que não conhece os meandros do PT, que é centralizador, além do mais, o seu tom radical, o limita aparentemente a um teto inicialmente pesquisado e, que não teria capacidade de puxar figuras que orbitam mais ao centro. A sua trajetória ao não erradicar a miséria e o analfabetismo do Maranhão.O estado continua com os mais elevados índices de pobreza. Dino teria que explicar porque não transformou o Maranhão de acordo como prometera.


Mesmo assim, está de stand by acalentando o seu grande sonho. Neste caso não vaticino

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