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Eleições

Lourival Serejo- Desembargador

O mês de outubro ficou consagrado, no Brasil, como o mês das eleições. Antigamente, era uma data fixa: 3 de outubro. Era o dia em que se realizavam as eleições em todos os níveis. Agora, pela Lei das Eleições, realizam-se no primeiro domingo de outubro. E, onde houver segundo turno, no último domingo.

Não consigo esquecer as imagens do dia das eleições que marcaram minha vida de criança, lá em Viana.

Às sete horas, papai já estava de terno para atender seus eleitores (amigos, compadres, devedores) e acompanhá-los às respectivas seções. Para o almoço, matavam-se dois porcos. Na hora certa, os eleitores vinham em manadas para almoçarem e depois saírem para completarem o almoço na casa de outro chefe político.

Como criança, seguíamos alguns eleitores para denunciar ao meu pai que fulano tinha ido almoçar em outra casa onde se falava de outro candidato.

Para o bem da democracia, tudo mudou em termos de eleições. Não para ficar como estava, mas para alcançar efetivamente um elevado estágio de transparência e de segurança na votação e na apuração.

As tradicionais táticas de fraude (voto carretilha, atas alteradas, mapas corrompidos) não existem mais. Hoje, o voto dado é voto conferido. Tudo graças às urnas eletrônicas, confiáveis, porque testadas, auditadas e cada vez mais aperfeiçoadas.

Não há qualquer vulnerabilidade nas urnas eletrônicas. São plenamente confiáveis. Isso nos dá a certeza de que casos como o da Venezuela nunca ocorrerão no Brasil. Nesse ponto, os detratores da urna eletrônica prestam um desserviço à democracia ao tentar macular a higidez das nossas eleições.

Só para conhecimento dos eleitores mais jovens, lembro que antes, muito antes das urnas eletrônicas, os votos eram impressos em cédulas que eram colocados nas urnas de lona. Para contagem dos votos, formavam-se juntas apuradoras. Esse trabalho durava até 15 dias. Nesse período, as urnas ficavam vigiadas pelos fiscais, dia e noite. Às vezes, cortavam a energia e, na escuridão, roubavam ou trocavam urnas.

Tudo isso acabou com a chegadas das urnas eletrônicas que permitem a divulgação do resultado das eleições até quatro horas, após o término da votação.

As denúncias que aparecem com frequência, em todas as eleições, de eleitores que votaram num candidato e apareceu outro na tela já fazem parte do folclore eleitoral. Esse período eleitoral é o tempo mais fértil para propagação das mentiras.

Como juiz eleitoral, tive oportunidade de enfrentar versões vagas e inverídicas dessas pessoas que deliravam na própria inventividade.

Em certa ocasião, resolvi ir fundo na verificação de uma denúncia dessa, feita na mesa de apuração. Logo comprovei que não tinha nenhum fundamento.

Então, caros eleitores, votem tranquilos, com a certeza de que seu voto será apurado e contribuirá para o fortalecimento da nossa democracia. O mais condenável no dia das eleições é a indiferença do eleitor que deixa de votar.

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