Opinião

UMA BENÇÃO PARA A CIDADE?

Franklin Douglas- professor e doutor em Políticas Públicas

Fevereiro/2024


Carnaval é bom e muita gente gosta. Prefeito em época de reeleição, nem se conta! É tempo de marchinha para tudo enquanto é gosto. Em São Luís, ao custo do atraso do pagamento de artistas locais, do não pagamento dos selecionados no edital da Lei Paulo Gustavo e a uma política cultural “pão e circo” para ludibriar o povo, o período momesco parece que será uma benção para a cidade! E que benção (ao menos, aos amigos do prefeito!). E não do senhor, mas do Orçamento Público do Município…
Explico: uma escola de ensino fundamental pré-escolar, o Instituto “Juju e Cacaia Tu és uma benção”, receberia da Secretaria de Cultura (SECULT) cerca de R$ 7 milhões para organizar o carnaval da cidade. Uma escolinha comunitária expert em organizar festas momescas…
Graças ao grito do jornalista Gláucio Ericeira, a folia com o dinheiro público não passou ocultada por confetes e serpentinas da propaganda da Prefeitura e o prefeito Eduardo Braide foi obrigado a cancelar o contrato com a “Juju e Cacaia Tu és uma benção”. O qual ele sabia da existência, atesta a chefe de gabinete exonerada da SECULT, em entrevista à TV Mirante.
Mas não fosse um verdadeiro escândalo uma escola comunitária da Cidade Olímpica receber sete milhões de reais para organizar o carnaval de uma cidade inteira, descobre-se, ainda, que a escolinha comunitária é multitarefas para o dinheiro público:
(i) Serve para tocar projeto na área do Patrimônio Histórico… tem contrato com a Prefeitura para receber R$ 800 mil a fim de dar vida ao Complexo Cultural Bumba meu Boi no Anel Viário;
(ii) Serve para organizar São João… em 2023, recebeu R$ 290 mil da SECULT para as festas juninas;
(iii) Serve para evento religioso… também em 2023, via emenda parlamentar do irmão do prefeito, o deputado estadual Fernando Braide, recebeu R$ 300 mil da SECMA para o São Luís Gospel.
Uma verdadeira benção essa escolinha!
Se o jornalismo investigativo trouxe o fio do novelo, cabem ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e à Câmara Municipal desenrolar o novelo inteiro.
Quem está por trás da “Juju e Cacaia”? Quais outros contratos ela mantém com a Prefeitura de São Luís? Quais vínculos políticos sustentam a escola comunitária para ganhar tantos contratos com a Prefeitura? Desde quando essa organização da sociedade civil atua junto ao município?
Questões que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) poderia investigar e jogar luz. Responsabilidade que o presidente da Câmara Municipal, o vereador Paulo Victor, presidente municipal do PSB, não pode fugir!
Mais do que uma benção, a opinião pública e a cidadania ativa da cidade exigem esclarecimentos.
Não se escondam sob as máscaras de fofões, vereadores e vereadoras!
CPI DA SECULT JÁ!

(*) Franklin Douglas – professor e doutor em Políticas Públicas.

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