BASTIDORES

Enciclopédia maranhense

POR QUE O MARANHÃO ABANDONA SEU MAIOR PATRIMÔNIO? (final) Filhos talentosos, nas Artes e Ciências, na Administração, Música, Literatura, Pintura, Saúde, Direito, Religião etc., filhos que encheriam de orgulho qualquer país, qualquer estado, qualquer cidade, são filhos esquecidos em sua história e sua contribuição de enorme dimensão, quaisquer que sejam os critérios de avaliação. CELSO […]

POR QUE O MARANHÃO ABANDONA SEU MAIOR PATRIMÔNIO? (final)

Filhos talentosos, nas Artes e Ciências, na Administração, Música, Literatura, Pintura, Saúde, Direito, Religião etc., filhos que encheriam de orgulho qualquer país, qualquer estado, qualquer cidade, são filhos esquecidos em sua história e sua contribuição de enorme dimensão, quaisquer que sejam os critérios de avaliação.

CELSO ANTÔNIO SILVEIRA DE MENEZES, caxiense, pintor, escritor e professor brasileiro, considerado um dos maiores escultores do modernismo brasileiro. Amigo de Di Cavalcanti, Cândido Portinari, mereceu os melhores reconhecimentos de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e, entre outros, Otto Lara Resende, que escreveu um manifesto onde diz, textualmente: “(…) considero um absurdo que até hoje, no final de 1989, um artista do valor e da importância de Celso Antônio não tenha tido ainda o reconhecimento que merece”. E o Maranhão, o que faz, o que diz?

SINVAL ODORICO DE MOURA, de Caxias, foi magistrado, político, conselheiro do Imperador e gestor público, um raro caso de alguém que foi governante de quatro estados no Brasil. Mas tiraram seu nome de uma das mais tradicionais ruas da cidade caxiense, a Rua Conselheiro Sinval.

RAIMUNDO TEIXEIRA MENDES, cuja luta em prol das causas sociais, a partir do Rio de Janeiro, inundou o país de benefícios, como direitos da mulher, do jovem trabalhador, a hoje FUNAI (Fundação nacional do Índio), a separação Igreja—Estado… Entre tantas “coisas” que fez e foi, esse caxiense é autor da Bandeira Brasileira. Não fosse Teixeira Mendes e correríamos o risco de ter, como nossa, a bandeira dos Estados Unidos… pintada de verde e amarelo. Um gigante da Cidadania e da Identidade brasileira. CÉSAR AUGUSTO MARQUES, caxiense, múltiplo talento de médico atuante, pesquisador incansável, escritor, tradutor e historiador, autor de obras inaugurais da historiografia maranhense e brasileira.

ANDRESA MARIA DE SOUSA RAMOS, estudada por escritores, sociólogos e antropólogos brasileiros e estrangeiros, é a Mãe Andresa, sacerdotisa de culto afro-brasileiro de renome internacional, última princesa da linhagem direta “fon”, que comandou durante 40 anos a Casa de Mina em São Luís, até morrer em 1954, aos cem anos de idade. É caxiense.

UBIRAJARA FIDALGO DA SILVA, caxiense, pioneiro dramaturgo negro brasileiro, ator, diretor, produtor, bailarino, apresentador de TV e criador do Teatro Profissional do Negro, é reconhecido e homenageado nos grandes centros brasileiros como Rio de Janeiro e São Paulo. Enquanto isso, no Maranhão, quem sabe da existência de tamanho talento, falecido em 1986, no Rio de Janeiro? Quem do Maranhão já patrocinou montagem de suas peças, a publicação de seus textos, que foram encenados nos palcos mas se mantêm inéditos em livro?

JOÃO CHRISTINO CRUZ, também caxiense, criador do Ministério da Agricultura, agrônomo que fez estudos em outros países e é o presidente de honra da Sociedade Nacional de Agricultura.

E MANOEL BENÍCIO FONTENELLE, de Brejo, que foi o primeiro jornalista a chegar à guerra de Canudos, na Bahia, e escrever no jornal carioca de que era correspondente?

Assim também ELPÍDIO PEREIRA, maestro e músico de renome internacional, caxiense autor do hino de sua cidade natal, estudou e apresentou-se na França e em diversos estados brasileiros. A obra elpidiana é publicada em livro por outros estados. No Maranhão, musicalmente, ninguém (se) toca.

JOÃO LOPES DE CARVALHO, pintor e desenhista caxiense, que estudou sua arte em Portugal, onde, por seu grande talento, já aos 16 anos, em 1862, foi elogiado por muitos jornais de Lisboa. Sua arte era de tal qualidade que um de seus quadros ele recusou-se a vender, para doar para o Imperador patrono das Artes. JOAQUIM ANTÔNIO CRUZ foi médico, militar e político caxiense. Participou da demarcação de fronteira do Brasil com a Argentina e votou pela lei que terminou por abolir os castigos corporais  (a “Lei da Chibata”) nas Forças Armadas.

ANTÔNIO EUGÊNIO RICHARD JÚNIOR, engenheiro, arquiteto e empresário, filho de Grajaú, que fundou e construiu o famoso bairro Grajaú, do Rio de Janeiro (RJ), e é o fundador da primeira companhia imobiliária do Brasil.

JOSÉ ARMANDO DE ALMEIDA MARANHÃO, teatrólogo, escultor, caricaturista, considerado “A Pedra Angular do Teatro Paranaense”. Estudou na Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Portugal, Espanha, Suíça, Bélgica e Holanda e teve aulas com nomes notáveis do Cinema e das Artes Cênicas, sobretudo europeus, como Luchino Visconti, Federico Fellini, Roberto Rosselini, Michelangelo Antonionni, Laurence Olivier, entre outros. É caxiense.

Até onde iríamos nesse desfile de grandes nomes maranhenses que em geral nós maranhenses deles pouco sabemos, ou não sabemos? A quantidade de nomes é tal que dobraríamos as esquinas da paciência e testaríamos o limite de páginas de papel e espaços digitais. É o que veremos/leremos aqui, em próximas colunas.

Ainda assim, ao que parece, maior que o rol de nomes, maior que esse escondido e escuro “hall” da fama, parece ser a desvontade, o desamor, o “nem te ligo” a que o Maranhão submete esses e outros maranhenses. Há, sim, plenas condições (potenciais e a serem construídas) para se reavivar a estrela do Maranhão na constelação de grandes, ilustres, úteis, talentosos nomes que fizeram positiva diferença para este país e lhe ajudou a construir ou fixar a identidade, a brasilidade, a maranhensidade. Naqueles 450 anos do Rio de Janeiro, podemos dizer que o Rio é brasileiro, mas a Cidade Maravilhosa… é maranhense. Essa coleção de nomes (ainda tem muuuuuito mais) forma um patrimônio simbólico, um potencial da Economia Criativa, um capital intelectual fantástico que não pode ser deixado assim, no desperdício, na não recorrência, no esquecimento. Programas, projetos, ações factíveis podem ser desenvolvidos, adotados, para estar permanentemente presentes nas escolas e universidades públicas e, quiçá, particulares do Estado; podem, com o devido “estímulo”, ser pautas permanentes da Imprensa maranhense, brasileira e, até, internacional; podem ser temas de concursos, objeto de estudos, de pesquisas, de obras de estudiosos, pesquisadores, autores, alunos, professores… Enfim, podem saudavelmente ocupar a mente de maranhenses e brasileiros, podem ser sadia inspiração e ainda podem levar multidões a ampliarem ainda mais o salubre e incontido orgulho de ser maranhense e brasileiro.

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