Maranhão Hightech
O Maranhão abriu as portas para o negócio aeroespacial com a retomada da parceria dos Estados Unidos com o Brasil, a partir do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, para utilização do Centro de Lançamento de Alcântara-CLA, para instalação de base lançadora de foguetes. Com esse pacto, alinhado entre os governos dos dois países, um mundo novo […]
O Maranhão abriu as portas para o negócio aeroespacial com a retomada da parceria dos Estados Unidos com o Brasil, a partir do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, para utilização do Centro de Lançamento de Alcântara-CLA, para instalação de base lançadora de foguetes. Com esse pacto, alinhado entre os governos dos dois países, um mundo novo se abre para o nosso estado, agregando valor à economia maranhense. Esse novo futuro que está sendo construído é focado nesse segmento, cujo mercado mundial gravita em torno de 330 bilhões de dólares.
Identificando-se a matriz de demandas dos empreendimentos que aportarão em nosso território, estima-se que os negócios provenientes desses contratos da indústria aeroespacial possam atrair alguns bilhões de dólares para o nosso estado.
Esse projeto agregará uma cadeia de tecnologia de elevada complexidade, integrando os segmentos aeronáutico, espacial e de defesa, envolvendo desde reparo e manutenção de aviões e motores aeronáuticos, até foguetes de sondagem e lançamento de satélites. É um segmento da indústria que mais ocupa mão de obra qualificada, gerando altos salários e demanda por produtos de grande sofisticação. Mas, para que sejamos engajados nessa demanda, é fundamental iniciarmos um processo contínuo de qualificação de empresas e técnicos de alta especialização. Só dessa forma poderemos ser incluídos no primeiro mundo da tecnologia.
É preciso, contudo, que em torno dele gravite uma economia dinâmica, integrada, geradora de efeitos multiplicadores regressivos e progressivos sobre a economia maranhense. As indústrias que compõem a cadeia produtiva da indústria aeroespacial são intensivas em alta tecnologia, mas estas características não as fazem excludentes relativamente ao desenvolvimento regional e local.
Em avaliação recente, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) projeta uma média de 42 lançamentos comerciais de satélites por ano até 2026, o que torna positivo o Acordo em tramitação, pelo potencial de atração e geração de negócios em torno do CLA, considerado extremamente necessário em razão da quase absoluta presença de tecnologia e componentes americanos nos satélites de todo o mundo.
A partir dele podem ser abertas negociações para a celebração de um acordo de livre comércio com o Estados Unidos e, assim, criarem-se oportunidades para, pelo menos, 134 grupos de produtos brasileiros, ingressarem no mercado americano. Quanto desses grupos de produtos poderiam ser produzidos no Maranhão? Qual o conteúdo tecnológico desses produtos? Quantas de nossas empresas poderiam ser fornecedoras? Quantos trabalhadores maranhenses seriam absorvidos pela indústria aeroespacial? Estas preocupações são, na realidade, desafios a enfrentar na perspectiva do processo de desenvolvimento regional e local.
Conhecidas essas respostas, poder-se-ia implantar um processo contínuo de qualificação de empresas e pessoas, especialmente de nível técnico e superior especializados, criando real capacidade para fornecimento de produtos e serviços, inclusive na área de construção pesada.
O Sistema “S”, por meio da rede SENAI com os laboratórios e institutos de tecnologia, tem adequado suas estruturas de formação e qualificação de mão de obra visando ao atendimento de todo desejo industrial, seja das empresas de ponta, seja das fornecedoras de produtos e insumos. E também os sindicatos associados como da Construção e de Obras Rodoviárias, que possuem empresas com vasta experiência nos segmentos de obras civis, habitação e construção pesada.
Além da vertente da alta tecnologia, o projeto aeroespacial abre para Alcântara potencialidades das áreas de turismo, arte, gastronomia, hotelaria, lazer, cultura e serviços, entre tantas probabilidades de empreendedorismo.
Nesse contexto, é inegável reconhecer um novo tempo marcado pela intensificação da importância das atividades, produtos e serviços espaciais no processo de desenvolvimento econômico e social dos países. A indústria aeroespacial é um pilar importante para qualquer nação pelas suas próprias características, como atividade fortemente intensiva em tecnologia e com forte propulsão de crescimento.
O lançamento de satélites não é só um fato tecnológico, mas um negócio industrial e comercial ligado à defesa nacional.