Lula livre e os novos cenários para 2020 e 2022 no Maranhão
As ações políticas são dinâmicas e o reordenamento de peças é periodicamente necessário. É flagrante a redução da exposição do governador Flávio Dino na imprensa nacional nos últimos 60 dias, com a expectativa do julgamento da tese da prisão em segunda instância no STF.
As ações políticas são dinâmicas e o reordenamento de peças é periodicamente necessário. É flagrante a redução da exposição do governador Flávio Dino na imprensa nacional nos últimos 60 dias, com a expectativa do julgamento da tese da prisão em segunda instância no STF. O resultado de 6 a 5 contra a manutenção da tese do encarceramento precoce como jurisprudência da Suprema Corte resultou na liberdade do ex-presidente, que já se declarou como ator do processo político de 2020 e 2022. Lula livre redefiniu a correlação de forças e o papel dos “players” em todos os estados brasileiros, mas no Maranhão o caso ainda é mais emblemático, dada a via aberta que Dino começava a ocupar com bom protagonismo e massiva exposição em veículos de opinião Brasil afora.
Em 8 de novembro, a partir da abertura da cela de Lula na carceragem da PF em Curitiba, o que parecia alinhado dentro do Maranhão, sob forma de pactuação ampla que colocaria o governador do estado no centro da composição de uma chapa de esquerda genuína à presidência, ruiu. Lula solto retoma para si todos os holofotes e atenções na polarização contra Bolsonaro, o que tenderá a dificultar a consolidação de Dino como pólo de agregação das esquerdas. Algum observador desavisado poderia dizer que agora Flávio poderia cacifar-se para uma vaga de vice-presidente numa cabeça de chapa petista, mas quem está atento ao momento e observa a correlação de forças (e Lula é um expert nisso), sabe que a vaga de vice nesta chapa será, por necessidade extrema e não por alinhamento ideológico, oferecida a um candidato de centro, para ampliar a base social e acalmar os agentes do mercado.
Com Dino candidato a presidente ou vice, três vagas estavam disponíveis na composição majoritária estadual (governador, vice e senado) e um acordo na Assembleia Legislativa para a presidência da Casa começava a se desenhar, além de uma vaga para o TCE, almejada por muitos. Seria um cenário de pacificação mais fácil. Com Flávio forçado a ser um candidato à eleição da Câmara alta, haverá necessidade de reacomodar 4 atores principais do processo: Weverton, Brandão, Othelino e Josimar. Dois desses atores precisarão reacomodar suas pretensões se quiserem manter a estabilidade do grupo. Se há alguma alegria em meio à agonia, é a possibilidade de Dino recolocar-se como protagonista presencial da gestão e atuar como líder nesse processo de transição eleitoral, consolidando sua marca para além das vitórias maiúsculas em 2014 e 2018, mas também como condutor de um processo histórico que superou de fato o modelo oligárquico de gestão no estado. Além disso, com a qualidade política e a juventude que ainda dispõe, Flávio ganhará no Senado uma incontestável projeção nacional, permitindo-lhe ser um dos grandes protagonistas na disputa presidencial de 2026. Basta cuidar da sua saúde…
Tantas mudanças projetadas para 2022 obviamente impactarão o pleito de 2020, cuja estratégia deverá ser revisitada e redefinida. A divisão do poder entre PCdoB e PDT terá que ser atualizada no ano que vem. A consequência positiva dessa disputa é o aumento da motivação do grupo governista para conquistar a prefeitura, que virá numa provável disputa contra um Braide bolsonarista enfraquecido por enfrentar candidatos melhores do que os de 2016, além de ter contra si a junção de dois grandes cabos eleitorais na Ilha: Lula e Dino.
Melhor para São Luís…