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Teatro Eleitoral: A Farsa da Mudança no Brasil

Celso Brandão – Produtor Cultural – Mestre em Cultura e Sociedade – UFMA

As eleições no Brasil, vistas por muitos como o ápice democrático de mudança e renovação, na verdade configuram um ciclo vicioso que perpetua o status quo. Independentemente da bandeira ideológica – seja de direita, esquerda ou centro – o cenário político brasileiro permanece estagnado. O processo eleitoral, que deveria ser um mecanismo para a transformação social e política, tem sido corrompido pela repetição de rostos, ideias e dinâmicas de poder que, de fato, servem apenas para manter intacta uma estrutura oligárquica profundamente enraizada.

O que observamos, de Norte a Sul, é a dominação por grupos familiares, aliados e amigos, que há décadas detêm o controle sobre os destinos do país. Esses grupos, revestidos com novos discursos ou propagandas eleitorais renovadas, apresentam-se como alternativas, mas, na essência, permanecem idênticos em suas práticas e compromissos. A alternância de poder, nesse contexto, não passa de uma mera troca de atores dentro de um mesmo palco de interesses, em que as reais necessidades da população são colocadas em segundo plano.

As eleições, sob essa ótica, não são um agente de transformação, mas um teatro que reafirma a continuidade de uma elite política intocada. Trata-se de uma engrenagem bem ajustada, cujos beneficiários são os mesmos de sempre – os poderosos que há décadas dominam a política brasileira e utilizam o aparato eleitoral para reforçar sua hegemonia. A cada eleição, alimenta-se a ilusão de que haverá uma mudança substancial, mas o que ocorre é apenas a repetição de promessas vazias e de um sistema impermeável a reformas profundas.

A realidade é que o Brasil está preso a um ciclo de perpetuação de poder, em que o povo se vê envolvido em um jogo cujas regras nunca mudam. Os avanços são mínimos, as reformas estruturais são continuamente adiadas, e a esperança de um futuro diferente se esvai na frustração de ver sempre mais do mesmo. A democracia, sem dúvida, é um valor essencial, mas, nas condições atuais, o processo eleitoral brasileiro tem sido apenas um simulacro de mudança, enquanto as verdadeiras forças que moldam o país continuam inalteradas.

Em suma, não há indícios de que as eleições futuras trarão qualquer transformação significativa. O que está em curso é a manutenção de um sistema onde o poder é distribuído entre as mesmas mãos, e onde a mudança, tão prometida, permanece um ideal distante. Assim, seguimos assistindo à perpetuação de um Brasil cuja política não reflete as necessidades do presente, mas sim os interesses de um passado que se recusa a partir.

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