Opinião

Patrimônio Vivo

Carlos Lula – Deputado Estadual

A cultura maranhense é um tesouro que transcende fronteiras, repleto de tradições, manifestações e riquezas imateriais que nos definem como povo. Contudo, preservar e valorizar esse legado tem sido um desafio, especialmente nos últimos anos, quando a pandemia da COVID-19 trouxe impactos profundos ao setor cultural em todo o país. A Frente Parlamentar de Cultura e Economia Criativa, que coordeno, se consolida como um espaço fundamental para dar voz e visibilidade aos fazedores de cultura do nosso estado, enfrentando de forma direta os dilemas e desafios dessa rica e multifacetada área.

Durante a pandemia, o isolamento social e a suspensão de eventos presenciais impactaram diretamente os trabalhadores da cultura, cujas atividades dependem quase exclusivamente da interação com o público. Um levantamento de 2022, realizado em parceria pela USP, Sesc, Unesco e secretarias de cultura de todos os estados brasileiros, revelou a gravidade da situação: metade dos cinco milhões de trabalhadores do setor viu seu faturamento cair entre 50% e 100%. Esses números demonstram o impacto devastador da pandemia sobre a cultura, que foi, sem dúvida, um dos setores mais atingidos.

Agora, superado o período mais crítico da pandemia, os desafios que se apresentam são igualmente complexos: recuperar os investimentos no setor, valorizar seus trabalhadores, reativar espaços culturais e enfrentar a burocracia que dificulta o acesso aos recursos. No Maranhão, a Frente Parlamentar de Cultura e Economia Criativa tem sido um ponto de convergência entre a sociedade civil, o Estado, a União e os fazedores de cultura, promovendo debates e buscando soluções para questões urgentes.

Entre os dilemas mais relatados pelos trabalhadores culturais em nossos encontros estão o abandono das Casas de Cultura, a falta de pagamento aos trabalhadores de eventos culturais, a degradação do Centro Histórico de São Luís (Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco), a precariedade da infraestrutura dos museus e espaços culturais, além da burocracia na obtenção de recursos públicos. Essas demandas não podem mais ser adiadas e exigem ações coordenadas para garantir que o setor cultural maranhense não só se recupere, mas floresça.

É essencial lembrar que o Maranhão é culturalmente construído sobre tradições profundas. Nossa cultura é vibrante e diversa, desde o tambor de crioula e o cacuriá, que embalam o nosso São João, até o bumba-meu-boi e as obras literárias que encantam o país. Temos uma cidade histórica que é patrimônio mundial e um dos cartões-postais mais icônicos do Brasil, além de uma gastronomia riquíssima, um artesanato singular e uma variedade de manifestações culturais que precisam ser preservadas, valorizadas e, acima de tudo, visibilizadas como patrimônios imateriais do Maranhão.

A Frente Parlamentar de Cultura e Economia Criativa, ao reunir os diversos atores envolvidos no cenário cultural, busca ser mais do que um espaço de diálogo. Nosso objetivo é ser a ponte para soluções concretas que garantam o fortalecimento da nossa cultura. Os fazedores de cultura são a alma do nosso estado, e o reconhecimento e valorização de seu trabalho devem ser prioridade para que o Maranhão continue a ser, com orgulho, um solo fértil para a criatividade e a tradição. Este é o caminho para que a cultura seja respeitada, apoiada e fortalecida.

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