Vozes dissonantes
O primeiro grande teste de rua do presidente Jair Bolsonaro ocorreu ontem. Ele estava na cidade de Dallas, no Texas, estado americano estuário do conservadorismo político. Lá Bolsonaro se sentiu seguro de manifestações contrárias, como ocorreria se a homenagem da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos fosse em Nova Iorque, primeiro local programado, mas proibido pelo […]
O primeiro grande teste de rua do presidente Jair Bolsonaro ocorreu ontem. Ele estava na cidade de Dallas, no Texas, estado americano estuário do conservadorismo político. Lá Bolsonaro se sentiu seguro de manifestações contrárias, como ocorreria se a homenagem da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos fosse em Nova Iorque, primeiro local programado, mas proibido pelo prefeito Bill De Blasio.
O presidente brasileiro foi escolhido como “Personalidade de 2019”, pelos exportadores dos dois países, numa festa cujo ingresso custou a bagatela de 30 mil dólares (R$ 120 mil). Quando Bolsonaro desembarcou em Dallas, as manifestações no Brasil estavam começando e se prolongaram pela tarde. Os organizadores informaram que já havia nas ruas mais de um milhão de manifestantes, contra o corte orçamentário das universidades federais e a reforma da Previdência.
Bolsonaro não deixou por menos. Mostrando que aquele movimento – o primeiro de âmbito nacional contra seu governo – não é bem visto por ele. Chamou todos de “idiotas úteis” e “massa de manobra”. Uma reação que recebeu pronta resposta dos manifestantes pelas redes sociais. E Bolsonaro foi mais duro ainda com os estudantes: “Se você perguntar quanto é sete vezes oito para eles não sabem, não sabem nada” e arrematou. “São uns idiotas úteis usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais”.
Mas a opinião do presidente – novamente – não é compartilhada pelo vice Hamilton Mourão, general aposentado, que, na função de interino no Palácio do Planalto, admitiu que governo falhou ao comunicar as razões do corte nas verbas da educação que resultou na onda de protestos de ontem. Ele chamou de “contingenciamento” de verba, e não corte. Sobre os protestos, Mourão contemporizou, reconhecendo ser normal “naqueles que se sentem inconformados”.