Voo descontrolado

Faltam 19 meses e poucos dias para as eleições gerais de 2018. Com tão pouco tempo pela frente, é impossível não se imaginar que o Brasil corre o risco de chegar àquelas urnas em situação tão assustadora quanto um Boeing 777, voando sem combustível. Basta olhar a guerra que se desenrola em Brasília, envolvendo os […]

Faltam 19 meses e poucos dias para as eleições gerais de 2018. Com tão pouco tempo pela frente, é impossível não se imaginar que o Brasil corre o risco de chegar àquelas urnas em situação tão assustadora quanto um Boeing 777, voando sem combustível. Basta olhar a guerra que se desenrola em Brasília, envolvendo os poderes da República e seus tentáculos numa crise política, com imprevisíveis desdobramentos
econômicos e sociais. Pode-se até tirar lições das eleições de 2016 e projetar um cenário que venha a quebrar a polarização histórica, desde 1994, PT-PSDB.

Com o PMDB na Presidência, é impossível admitir que o partido de Michel Temer não arrisque lançar candidato presidencial, nem que seja ele próprio. Não importa que o partido do governo e seu principal parceiro da derrubada de Dilma Rousseff estejam hoje, harmoniosamente, usufruindo o poder central e seus arranjos estaduais. O ano da desarrumação completa será 2018, com a Lava-Jato punindo (ou não) delatados do PMDB, do PT, do PSDB e as trupes de
cada qual. A Lava-Jato ou fica no meio do caminho, como muitos temem, ou vai redefinir, à sua maneira, o rumo das eleições de 2018.

No meio de tantas variáveis e atalhos, o ponto de referência que não pode ser subestimado é Michel Temer. Analistas políticos admitem pelo menos quatro variáveis: o sucesso ou derrocada do governo; PMDB ter ou não candidato em 2018; e os efeitos deletérios da delação da Odebrecht nos grandes partidos. Por ora, tucanos aparecem em vantagem, enquanto a esquerda procura se reorganizar, sendo que há
espaço para um outsider. Outro fator é a direita esganando o centro, com Jair Bolsonaro aparecendo nas pesquisas à frente do tucano Aécio Neves, e Lula liderando com folga.

No Maranhão, 2018 é um caso especialíssimo no Brasil, país dominado por políticos à moda antiga, com práticas coronelistas, latifundiárias, corruptas, dominadoras e conservadoras. No Palácio dos Leões, tem um governador do PCdoB, confrontando a política tradicional. Avança sem
denúncias de corrupção e desenvolve programas que aproximam o governo das camadas miseráveis e desassistidas. Por essas e outras, desagrada os mandachuvas de sempre – políticos, empresários e classe média do serviço público.

O grupo Sarney, pela reação, tudo indica que queria Flávio dando continuidade. É um governo que não agrada o status quo, porque não faz grandes obras. Porém, nem precisa ser cientista político para saber que o Maranhão precisa muito mais de ações que derrubem as desigualdades entre ricos e pobres, de escolas de verdade, do que de pontes e viadutos, para impressionar na capital. São fatores que tornam a disputa do governo estadual tão paradoxal quanto instigante. Autêntico para ou continua.

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