Um dia histórico

O que será o amanhã, após o julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva, hoje, em Porto Alegre, ninguém saberá. A única certeza é que o julgamento, mais uma vez, dividiu o Brasil, uniu o PT e mostrou às esquerdas que a direita está muito mais articulada do que foi durante toda a era petista. […]

O que será o amanhã, após o julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva, hoje, em Porto Alegre, ninguém saberá. A única certeza é que o julgamento, mais uma vez, dividiu o Brasil, uniu o PT e mostrou às esquerdas que a direita está muito mais articulada do que foi durante toda a era petista. Embora todos os holofotes estejam voltados para o que vai acontecer no TRF-4, o cenário ainda é de muitas incertezas. Independentemente do placar, a defesa e a acusação ainda podem entrar com recursos para tentar reverter o resultado.

Lá, em Porto Alegre, mais de 10 mil trabalhadores já estão acampados, na defesa de Lula. No contraponto, o governo montou um gigantesco aparato de guerra para impedir “atos de baderna”, dos movimentos sociais. Pelo mundo afora, brasileiros e estrangeiros realizam atos políticos hoje. A Frente Internacional de Brasileiros no Mundo contra o Golpe organizou comitês em diversos países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. Se for condenado, Lula deixa de ser “ficha limpa”. E qual é a consequência prática disso? Hoje, nenhuma. É que o prazo
para inscrição de candidato presidencial ainda nem se abriu.

O mais provável é que o PT só vai aprovar o nome de Lula candidato no último dia de prazo de inscrição. Depois de inscrito, ele só poderá ser impugnado pelo Ministério Público Eleitoral. Se for candidato, mantiver a posição atual de líder nas pesquisas e vier a ser eleito, Lula cria um novo imbróglio. Caso isso ocorra, novo embate se travará no âmbito judicial para impedi-lo de tomar posse ou para sê-lo empossado.

Difícil, porém, é reverter uma manifestação sacramentada nas urnas. Mas, certamente, o Brasil seguirá dividido entre os que odeiam Lula, principalmente, por ter feito as políticas de inclusão social e colocar a classe pobre no mesmo ambiente e no mesmo voo da média conservadora. Portanto, o julgamento de hoje, também, simboliza uma guerra de classes. Dos que querem a condenação a qualquer preço, para impedir Lula de voltar ao Planalto. E de Lula, que quer limpar o nome da condenação de corrupto. Foi a pior mancha na biografia mais fascinante da história contemporânea brasileira.

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