Será como Deus quiser…

A semana santa começou tão grave no país como terminou a anterior e sem acender uma luzinha no fim do túnel sobre o horizonte político da próxima. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, mesmo com a corda do pescoço em via de perder o mandato, estrebucha como quem percebe um jeito de permanecer […]

A semana santa começou tão grave no país como terminou a anterior e sem acender uma luzinha no fim do túnel sobre o horizonte político da próxima. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, mesmo com a corda do pescoço em via de perder o mandato, estrebucha como quem percebe um jeito de permanecer onde está. Toca a tom de caixa o processo de impeachment. No ninho tucano, a tensão é por um acordão com o PMDB de Michel Temer para, logo que ocorra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o PSDB esteja junto no governo. O tempo, portanto, corre tanto contra Dilma como contra a oposição.

O PSDB
De olho na disputa de 2018, o senador José Serra já estaria em negociação com Michel Temer para o pós-impeachment. O tucano quer do peemedebista compromissos dele não concorrer à reeleição, não interferir nas disputas municipais de 2016, não promover caça às bruxas e montar um Ministério “surpreendente”. Quer ainda que Temer, no poder, não retalie contra nenhuma força política e seja obrigado a chamar o PSDB para o novo governo e desprezar o PT. Na prática, isolar Dilma, Lula e mandar o PT para a oposição, sozinho, esquecendo-se de que a jararaca não foi morta.

O PT
No flanco esquerdo, a movimentação é tão ou mais intensa. Impedido pela Justiça de ocupar o cargo de ministro da Casa Civil, Lula atua de maneira informal pela articulação política. Ele também deve se reunir nas próximas horas com Michel Temer e com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para tentar impedir o rompimento do partido com o governo. Essa ofensiva não descarta nem uma conversa de Lula com Eduardo Cunha,a voz mais implacável do impeachment no Congresso. Como se pode ver, Michel Temer está no meio da crise, se achando o seu maior beneficiário do momento.

Fora do Brasil
Fora do Brasil, também a crise repercute muito além do noticiário internacional. Depois que o presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu reunião de emergência da União das Nações Sulamericanas (Unasul) para discutir a tentativa do impeachment contra Dilma, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, defendeu a continuação da Lava-Jato, porém, ressaltou que “a democracia não pode ser vítima do oportunismo, mas, sim, sustentada pelo poder das ideias e da ética”.

Susto
Defendeu o mandato de Dilma Rousseff e criticou as tentativas de tirá-la do cargo sem fundamento jurídico. Os tucanos se assustaram com a pesquisa do Datafolha (domingo), em que Marina Silva lidera a disputa de 2018, com 21% num dos cenários; Aécio Neves, 19%, e Lula, 17%. No empate técnico. Agora, os líderes do mesmo PSDB que criou a reeleição a preço de ouro, agora querem acabar com ela. A medida permitiria aos tucanos apoiarem a um eventual governo Temer até 2018 sem que o peemedebista pudesse se reeleger, o que “zeraria” o jogo da sucessão presidencial. Até lá, será, então, o que Deus quiser. A crise está no STF. Portanto, os ministros togados serão os protagonistas políticos desta semana.

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