Semana do desespero

Uma semana apenas. Os brasileiros vão às urnas no próximo domingo para dizer como querem o país a partir de janeiro próximo. Está acabando o quadriênio mais conturbado da história contemporânea brasileira. Foi o período mais perdido no contexto político, com estragos monumentais na economia, nos programas sociais e nas instituições. Debilitou as esperanças e […]

Uma semana apenas. Os brasileiros vão às urnas no próximo domingo para dizer como querem o país a partir de janeiro próximo. Está acabando o quadriênio mais conturbado da história contemporânea brasileira. Foi o período mais perdido no contexto político, com estragos monumentais na economia, nos programas sociais e nas instituições. Debilitou as esperanças e fez recrudescer uma divisão caótica da sociedade, com fronteiras ideológicas demarcadas pelo ódio, entre esquerda e direita. As redes sociais foram as ferramentas que serviram de extravasamento dos sentimentos mesquinhos e retrógrados. A mentira e a verdade nunca foram tão parecidas e disseminadas por uma população que fala e cobra a moral dos outros e dos políticos, mas não se incomoda em desmoralizar a grandeza humana.

Brasil vai às urnas, de cara amarrada, de ódio aguçado da direita querendo trucidar a esquerda. A esquerda também, mais cristalizada do que nunca. Principalmente depois do golpe de 2016, quando Dilma foi defenestrada do cargo no meio do mandato. Foi um golpe tão bem articulado que o principal líder da esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, está preso sem que a Justiça tenha comprovado o crime imputado. A real propriedade do tríplex de Guarujá, até hoje, é contada por jornalistas e historiadores como uma farsa. Para a direita, porém, tudo está limpamente demonstrado no processo.

Dos 13 candidatos presidenciais, Jair Bolsonaro – até ontem de manhã – internado, em São Paulo, com os médicos tentando liberá-lo para, ao menos nos dias finais da campanha, ele poder aparecer com a facada sarada. Bolsonaro é o nome que mais divide a campanha eleitoral desde o começo. Com propostas que sintetizam os sentimentos e expectativas da elite e classe média, permitiu que a esquerda e o PT se fortalecessem como nem suas lideranças esperavam. Criaram um monstro e agora temem ser devorado por ele. Bolsonaro aparece como passível de ser vencido no segundo turno por todos os candidatos que estão no pelotão da frente na corrida ao Planalto. O PT, pelas análises do Diap, deve eleger a maior bancada na Câmara, à frente do MDB e PSDB.

No Maranhão, a eleição de governador está bem parecida com as mais recentes. É a velha guerra do “outro” contra o grupo Sarney e vice-versa. O sistema sarneísta está emparedado e na defensiva contra o inimigo preferencial. O “outro” é Flávio Dino, que tenta desmontar o grupo Sarney, o que será, na prática, completar o serviço iniciado por Jackson Lago em 2006. Jackson ganhou, mas perdeu no tapetão para a própria Roseana. Flávio Dino não quer correr o mesmo risco. Montou uma coligação de 16 partidos, vários deles arrebanhados dentro do próprio grupo Sarney. Ele aparece com chances reais de
ganhar a eleição no próximo domingo. Tal possibilidade torna a disputa mais tensa e emocionante, sobrando também para os dois mandatos de senador. O grupo Sarney quer eleger Zequinha Sarney, o que serve para, lá adiante, lhe dar fôlego.

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