Salto no escuro

A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) pensou, pensou, pensou e decidiu. Vai disputar o governo do Maranhão em outubro próximo, diante da pressão irresistível de seus familiares e do grupo que comanda. Sem uma candidatura potencialmente forte, o sarneísmo pode embicar de vez e desmilinguir sua representação no Senado, na Câmara e na Assembleia Legislativa. O […]

A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) pensou, pensou, pensou e decidiu. Vai disputar o governo do Maranhão em outubro próximo, diante da pressão irresistível de seus familiares e do grupo que comanda. Sem uma candidatura potencialmente forte, o sarneísmo
pode embicar de vez e desmilinguir sua representação no Senado, na Câmara e na Assembleia Legislativa. O peso da pressão acabou falando mais alto, até porque o marido de Roseana, Jorge Murad, que gosta de governo, vinha a aconselhando não entrar de novo.

Roseana é a única opção do PMDB capaz de ir para o confronto direto com o governador Flávio Dino e dar um alento seu grupo, que ainda mantém pesada estrutura de poder e base eleitoral significativa. O que chama a atenção na entrevista de Roseana ao anunciar a candidatura é ela ter feito somente poucos dias depois de o cunhado Ricardo Murad, agora filiado ao nanico PRP, também ter se lançado ao governo do Maranhão.

É uma simples coincidência? Lógico que não. É uma estratégia política e um recado direto a Flávio Dino. Os Sarney vão ter um “trator”, para fazer o jogo que Roseana não se atreve. Murad sabe jogar pesado. Afinal, no último governo dos quatro que a peemedebista passou no Palácio dos
Leões, quem deu as cartas foi Ricardo Murad. Ele era o poderoso secretário de Saúde, em cuja estrutura operacional tinha também a Companhia de Saneamento do Maranhão (Caema). Os dois órgãos nas mãos de Murad somavam mais de 50% do orçamento. Era o governador, de fato.

Em 2016, ele sofreu pesadas derrotas em seus principais redutos municipais, principalmente em Coroatá, onde a esposa Tereza Murad perdeu o posto para o arqui-inimigo, Luís da Amovelar, apoiado por Flávio Dino. Seja como for, Dino é os Sarney vão fazer um confronto de vida ou morte. Flávio Dino tem três anos de governo, contra 14 de Roseana. Em razão do tempo de cada um, as comparações que se queira fazer terão que levar em conta a relatividade matemática. Para ela, portanto, é um salto no escuro. Mas, como dizia Mário de Sá Carneiro, poeta português, a “política sem risco é uma chatice, e sem ética, uma vergonha”.

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