Em Alagoas, costuma-se dizer que, “se Renan Calheiros
se jogar lá de cima, pode ir atrás, porque tem água embaixo”. Pois Renan é amigo de longos anos de José Sarney. Já o acompanhou em 1980, na inauguração do Centro Cultural José Sarney, na cidade de Pinheiro, por ocasião dos 50 anos do filho mais ilustre da maior cidade da Baixada. No Maranhão, também Sarney faz até melhor do que Renan em Alagoas: ele nem arrisca pular lá do alto, pois vai aparecer uma multidão de sarneístas querendo pular em seu lugar, nem que seja sobre um depósito de colchões.

Mas o que chama a atenção é a capacidade de Renan transpor obstáculo políticos em Brasília, onde ele palmilha, como poucos, cada metro da capital da República. Dentre os “poucos” está o amigão, de PMDB e de jornadas políticas, José Sarney. Em entrevista à Folha de S. Paulo,edição de ontem,

Renan diz que o presidente Temer, “pela circunstância, foi colocado na cadeira de piloto de um avião sem plano de voo, sem saber de onde estava vindo nem para onde estava indo”. José Sarney ainda não chegou a tamanha ousadia sobre o “emparedamento” de Michel Temer, como fazem o PSDB, Renan e parte do PMDB. Mas Sarney ainda pode, assim como já faz Fernando Henrique Cardoso, a voz tonitruante do conservadorismo brasileiro, ao defender o “gesto de grandeza de Temer – o da renúncia”. Com Renan, não tem disso não. Fala direto: o governo já foi. Não devemos descartar o Rodrigo Maia, como alternativa constitucional e como primeiro e decisivo passo para essa inevitável travessia que nós deveremos ter de fazer”. E o ex-líder do PMDB arrematou: “Parece um filme de terror. As pessoas foram se entreter vendo o Batman, mas o Charada dominou a cena”.