Remendo do trapo

O Japão acabou com “Distritão” porque era caro e estimulou corrupção. No Brasil, onde a corrupção virou uma praga política pior do que carrapato, o Congresso quer adotálo, como centro da debatida e polêmica reforma política. A proposta entrou em votação no plenário da Câmara, na sessão de ontem, mas tem fôlego para ir bem […]

O Japão acabou com “Distritão” porque era caro e estimulou corrupção. No Brasil, onde a corrupção virou uma praga política pior do que carrapato, o Congresso quer adotálo, como centro da debatida e polêmica reforma política. A proposta entrou em votação no plenário da Câmara, na sessão de ontem, mas tem fôlego para ir bem longe, por falta de consenso, já que passará por duas votações dos deputados
e duas no Senado, por tratar-se de emenda constitucional.

O sistema acaba com o voto proporcional na eleição de vereador e deputados. A eleição desses mandatários passa a ser majoritária. No sistema proporcional atual, valem os votos recebidos pelo conjunto dos candidatos do partido, da coligação e também da legenda. O sistema distritão vai exigir maior investimento financeiro e é preciso ficar de
olho, pois pode aumentar as chances de corrupção. Afinal, os deputados querem voltar já o financiamento empresarial, extinto em 2015 pelo STF, e não perder o mandato.

No distritão, a guerra que candidatos travam entre as legendas partidárias passa a ser dentro do próprio partido. Por isso é rejeitado. Só existe no Afeganistão, na Jordânia e pequenas ilhas insulares do Pacífico. Pelo sistema, os partidos grandes e com poder político vão engolindo os pequenos, além de atrair as lideranças com maior potencial, ao mesmo tempo em que preservam os parlamentares conhecidos do eleitorado e com dinheiro para aplicar na compra de votos.

A Câmara dos Deputados aditou novamente a votação do texto-base da PEC 77/2003, que altera o sistema eleitoral e o financiamento das campanhas. Pela regra, o distritão seria aplicado nas eleições de 2018 e 2022. Nas seguintes, o pleito para deputados adotaria o sistema distrital misto, no qual metade das vagas seria preenchida pelos candidatos mais votados nos distritos e a outra, conforme lista preestabelecida pelos partidos. A encrenca está criada, mas as raposas do Congresso não vão fazer reforma política para perder o poder no galinheiro.

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