Refundação do Brasil
Depois do tsunami Odebrecht, o Brasil aparece, finalmente, unificado, infelizmente pelo lado indesejável. Seus políticos e partidos de todas as tendências ideológicas, juntamente com empresários e agregados, afogaram-se no mesmo lamaçal da corrupção. O chafurdo é tão monumental que ninguém será capaz de imaginar em que ambiente eleitoral se darão as campanhas de 2018, quando […]
Depois do tsunami Odebrecht, o Brasil aparece, finalmente, unificado, infelizmente pelo lado indesejável. Seus políticos e partidos de todas as tendências ideológicas, juntamente com empresários e agregados, afogaram-se no mesmo lamaçal da corrupção. O chafurdo é tão monumental que ninguém será capaz de imaginar em que ambiente eleitoral se darão as campanhas de 2018, quando os eleitores vão eleger o presidente da República, 27 governadores, 81 senadores, 413 deputados federais e centenas de estaduais.
Não custa lucubrar politicamente sobre o que ocorrerá em cima dos escombros da “Delação do Fim do Mundo”. Como será a campanha eleitoral? Com ela em andamento, como os partidos irão fazer proselitismo de suas teses, todas criteriosamente elaboradas para darem vida à democracia brasileira e apontar rumos para o bem-estar do povo. E mais: com que cara cada político enrolado na Lava-Jato
chegará aos comícios ou à casa dos eleitores pedindo voto?
Pior ainda nesse enredo é imaginar como o eleitor, senhor absoluto do voto, sujeito da voz ativa, protagonista da história política democrática, vai olhar nos olhos dos candidatos escancaradamente citados nas delações como propineiros e corruptos no exercício do mandato popular. A Lava-Jato, excetuando os excessos e desvios alimentados por estrelismo, vai exigir uma refundação do Brasil. Os delatores, cinicamente, destrincham seus esquemas de compra política, até soltando risinhos debochados. Um escárnio! Acredita-se que, com financiamento empresarial ou sem, as campanhas de 2018 vão exigir um novo jeito de fazer política.
Os poderosos de hoje, sem exceção, terão explicações a dar sobre a Lava-Jato, sobre o tsunami de 2017. Como até lá a Justiça não dará resposta a todos os casos em apuração, cujas investigações ainda nem começaram, vão tentar encontrar um atalho, na reforma política, para sobreviver. Há quase um consenso no Congresso (onde a grande maioria é honesta) sobre a votação em lista fechada, na qual o eleitor vota nos partidos e não diretamente nos candidatos. Diante dos acontecimentos em curso atualmente, é quase impossível se fazer eleições gerais nos moldes corrompidos e ora devassados. O contencioso é babilônico.