Reforminha meia-sola
A um ano das eleições, os eleitores já estão ansiosos para conferir se o modelo de campanha e outras alterações das regras do jogo eleitoral de 2018 valeram a pena. Ou se a barulheira no parlamento nacional foi apenas cortina de fumaça do atalho para a salvação dos atuais mandatários. Eles sabem como o eleitor […]
A um ano das eleições, os eleitores já estão ansiosos para conferir se o modelo de campanha e outras alterações das regras do jogo eleitoral de 2018 valeram a pena. Ou se a barulheira no parlamento nacional foi apenas cortina de fumaça do atalho para a salvação dos atuais mandatários. Eles sabem como o eleitor anda ressabiado com os políticos. E mais ainda, quanto ao desdobramento da crise. Se haverá nova troca no Palácio do Planalto, como desfecho do 2º processo contra Michel Temer.
Olhando pelo retrovisor, o povo brasileiro já sabe que tão importante quanto eleger o presidente da República com legitimidade e competência para arrancar o Brasil da crise e colocá-lo no caminho do desenvolvimento, é verificar, com olhar de perito, se o atual Congresso Nacional, os governadores e deputados fizeram jus ao mandato. A pergunta que não quer calar: Será que o Brasil merece os atuais
eleitos ou se boa parte deles deverá ser banida na próxima jornada de urna?
Há um monte de incertezas, a pesar da reforma política, debatida à exaustão, mas que acabou num arremedo (reforma meia-sola) feito às correrias para não perder o tempo de vigência. Na essência, nada alterou. Nem amenizou a crise, nem promete renovação de atitude dos eleitos de 2018. Muito pelo contrário, na Câmara há cheiro no ar de
nova avalanche no Palácio do Planalto. Rodrigo Maia estaria avaliando se tem chance de virar o jogo, tornar-se o terceiro presidente do Brasil em quatro anos e também o condutor da transição para o próximo eleito.
O caldeirão continua fervendo. O Congresso aprovou a reforminha que vai ratear a “merreca” de R$ 1,7 bilhão entre 35 partidos e uma legião de candidatos atrás dos cargos eletivos de 2018. Vai ser a campanha mais pobre da história recente, se não houver “furos” nas regras que acabaram de ser promulgadas. O Fundo Púbico de Financiamento, em
tese, seria um basta na corrupção eleitoral com as empresas, que elegem para cobrar a fatura lá na frente em obras públicas. Mas apenas “seria”.
Por exemplo, na Câmara de 2014, segundo levantamento do Diap, há uma disparidade social. Foram quatro deputados empresários para um sindicalista. É uma deformação? Lógico que não. É apenas a consagração do velho e matreiro sistema político brasileiro. O próprio Eduardo Cunha, que presidiu a Câmara com votos comprados de deputados e está preso por corrupção, disse que 2018 repetirá 2014. Será o mesmo velho Congresso, apenas com a cara recauchutada
de botox, para dá aparência de novo. A “reforma”, portanto, foi feita sob medida para salvar quase todos.