Quem é o dono do caos?
O governo que o comanda mistura democracia com militarismo, enquanto os poderes da República se debatem num frenético movimento, onde o estrelismo e a vaidade se misturam ao som que vem das ruas
Lava-Jato, Lava-Toga, Lava-Pé, Lava-Ficha, Lava-Gravata de políticos encardidos e lava-cara de quem se apresenta como lavador de sujeiras de outros. O Brasil vive um inacreditável drama de identidade. O governo que o comanda mistura democracia com militarismo, enquanto os poderes da República se debatem num frenético movimento, onde o estrelismo e a vaidade se misturam ao som que vem das ruas. As redes sociais viraram o cangaço virtual das elites desse teatro mambembe, de atores trapalhões.
Vive-se no país dos mandachuvas, onde o debate acontece pelas beiradas dos principais problemas e pouco ocorre no ataque das causas. Escamoteando os fatos. A economia continua arquejando, os empresários fogem do risco de investir sem garantia do ganho fácil, enquanto isso os bancos substituem a força do trabalho por máquinas e fazem o lucro explodir. O governo vai terminar o quarto mês de operação, adotando apenas medidas popularescas como pano de fundo para a Reforma da Previdência e seu pacote anticrime.
O STF e MPF travam a batalha particular do “quem mais pode”, enquanto o Congresso conta voto para a Reforma da Previdência, panaceia da “salvação do Brasil”. Em meio ao debate tenso, beirando o histerismo, os mesmos parlamentares contabilizam os valores das emendas que o governo precisa liberar por vontade ou por imposição de lei, aprovada por eles mesmos. São as emendas impositivas, sem as quais fica quase impossível aplaudir as medidas do Planalto. É o mais autêntico jogo jogado da “velha política”.
É o caos sem dono instalado em Brasília, centro do poder do Brasil, literalmente mergulhado em enchentes, lambendo a riqueza do agronegócio – único galho a sustentar o gigante cambaleante –, atolado em rodovias devastadas. Nesse ambiente insólito de começo de governo atrapalhado, o Supremo, no embate inédito com a Procuradoria Geral da República, vira sócio de Bolsonaro no caos institucional do Brasil. Próximo teste será recurso para soltar Lula. Os militares já alertam para confronto. Que confronto?