Quebrando a caixa-preta

Foi preciso que o salário de um juiz de 1ª instância chegasse ao absurdo de R$ 503 mil no mês de julho, para que, finalmente, o Supremo Tribunal entrasse em cena não só para coibir o abuso com o dinheiro público, como também para verificar o interior da caixa-preta que é a folha do Judiciário […]

Foi preciso que o salário de um juiz de 1ª instância chegasse ao absurdo de R$ 503 mil no mês de julho, para que, finalmente, o Supremo Tribunal entrasse em cena não só para coibir o abuso com o dinheiro público, como também para verificar o interior da caixa-preta que é a folha do Judiciário em todo o país. A presidente da Corte máxima, Cármen Lúcia, deu 10 dias de prazo para que todos os tribunais informem-lhe quanto ganham, com todos os penduricalhos, seus magistrados.

O teto máximo do funcionalismo público deveria ser o contracheque dos ministros do STF. Deveria, mas está longe de ser real. O valor do teto salarial seria R$ 33.763,00. Porém, são os penduricalhos que fazem a festa dos magistrados no fim do mês. Mesmo não sendo ilegais, pois os cálculos transitam por um cipoal de dispositivos burocráticos e legais
que, no fim das contas, tudo aparece com rosto de lei. Tipo abono de permanência, previsto na Carta, que trata dos servidores públicos que já têm tempo suficiente para se aposentar, mas que continuam na ativa; auxílio-moradia, auxílio-alimentação, Parcela Autônoma de Equivalência (PAE) e, em alguns casos, um terço de férias.

Mesmo tendo autorizado em abril o acúmulo de remuneração salarial para servidores, inclusive os magistrados, o STF agora que ver a conta como é feita nas folhas milionárias do Poder mais poderoso do Brasil. Cármen Lúcia quer conferir os detalhes, pois são eles que fazem a
diferença. Parece até que no Brasil existe uma crise para o trabalhador lascado que ganha um salário mínimo ou pouco mais disso, e outro Brasil sem crise, que esbanja no contracheque de algumas castas, como as do Judiciário e do Ministério Público, do Legislativo e do Executivo.

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