Que país é esse?

O Brasil é imexível nas práticas de quem pode mandar. O juiz Mirko Vincenzo Giannotte, titular da 6ª Vara de Sinop (MT), cidade a 477 quilômetros de Cuiabá, recebeu em julho mais de meio milhão de reais, precisamente R$ 503.928,79 no contracheque. A revelação foi feita pela “Coluna do Estadão”, com dados constantes no Portal […]

O Brasil é imexível nas práticas de quem pode mandar. O juiz Mirko Vincenzo Giannotte, titular da 6ª Vara de Sinop (MT), cidade a 477 quilômetros de Cuiabá, recebeu em julho mais de meio milhão de reais, precisamente R$ 503.928,79 no contracheque. A revelação foi feita pela “Coluna do Estadão”, com dados constantes no Portal da Transparência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O montante inclui remuneração de R$ 300.200,27; indenização de R$ 137.522,61; mais R$ 40.342,96 a
título de “vantagens eventuais”; e R$ 25.779 em gratificações.

Perguntado por O Globo sobre valor tão robusto e a repercussão
do pagamento, o magistrado respondeu, com um seco “Tô nem aí!”. Segundo a Coordenadoria de Comunicação do TJMT, as cifras não são “um erro”, pois o pagamento foi autorizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em junho, Mirko recebeu R$ 53.432,92, líquido e R$ 65.872,83, bruto. O magistrado declarou que o valor representa “justa
reparação” pelos anos em que deu expediente em comarcas superiores, recebendo como juiz de 1ª instância.

Parece que o Brasil, para alguns, não é o Brasil de todos, afogados na crise. No Tribunal de Contas da União, órgão controlador das contas do Brasil, também por lá a crise passa à distância. Os ministros rondam o mundo, tudo pago pelo erário. Em 2017, o campeão de viagens é Aroldo Cedraz. Em seis meses, foram 61 dias viajando, 56 deles no exterior. Onze dias nas Bahamas, 17 em Lisboa, 13 em Viena, 12 em Amsterdã em evento da ONU que durou um dia, e quatro em Bogotá. Foram mais de R$ 72 mil em diárias e passagens bancadas com dinheiro público.

Em dois anos e meio, ele ficou 171 dias no exterior, passando por 17 países. Já o ministro Augusto Nardes, relator das “pedaladas” de Dilma Rousseff, foi o que mais viajou desde 2015. Ele esteve 264 dias fora de Brasília, o que dá quase nove meses. Muito mais que os colegas, já que, em média, cada ministro passa 41 dias do ano viajando. Nardes visitou
11 países nos últimos 30 meses. De acordo com o TCU, só neste ano, Nardes passou 50 dias em trânsito, 29 deles no exterior. Ele negou os dados, alegando ser erro de digitação.

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