Qual é o discurso?
O Brasil passa por uma situação tão difícil que até as eleições estão deixando os políticos desnorteados. Sem dinheiro de empresa, com a campanha bem curtinha, a propaganda restrita e os eleitores esculhambando até o papa nas redes sociais, não dá para prever qual o Brasil que sairá das urnas de daqui a 43 dias. […]
O Brasil passa por uma situação tão difícil que até as eleições estão deixando os políticos desnorteados. Sem dinheiro de empresa, com a campanha bem curtinha, a propaganda restrita e os eleitores esculhambando até o papa nas redes sociais, não dá para prever qual o Brasil que sairá das urnas de daqui a 43 dias. O presidente não pode nem ir à rua, ministros do Supremo Tribunal são mais conhecidos do que ministros do governo Temer e juiz de piso mandando em ministros do STF. O Brasil de hoje é um espetáculo escrachado. Ópera bufa.
Nesses dias confusos, discursos políticos têm tanto valor para o eleitor quanto um bolívar na Venezuela de Nicolás Maduro. Há tanta incerteza na política, que o líder das pesquisas eleitorais, com chance de vencer no primeiro turno, está preso, sem data para sair nem garantia de que será candidato definitivo ao Palácio do Planalto. Até a decisão do Comitê de Direito Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Justiça brasileira liberar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva corre risco de ser jogada no lixo.
A campanha no Maranhão se resume às velhas práticas de catilinárias, num fervor quase endiabrado.Hoje, a disputa do governo do Maranhão se resume no Grupo Sarney,com Roseana no páreo,e o “outro”. Isso mesmo, no singular.O outro é Flávio Dino, que ousou, num gesto histórico, de repercussão nacional,desapear os Sarney do centro do Poder em 2014. Depois de meio século de mando político no Maranhão, começado em 1965, ele com 35 anos – hoje com 88 anos –, mesmo assim, o ex-presidente José Sarney ainda tenta recolocar a filha no governo. Logo ela, que já foi governadora quatro vezes, numa soma de quase 14 anos.
São seis candidatos ao governo do Maranhão, mas o eleitorado só lembra de Flávio Dino e Roseana Sarney. Os demais estão no limbo. Mas o sobrenome Sarney tem o simbolismo da mais longa oligarquia política da história do Brasil. E Roseana chama Dino de “comunista” e de ditador. Dino chama Sarney de oligarca e dominador, com seu grupo, hoje, bem diminuído. O discurso de Roseana é ataque a Flávio Dino. O
governador não deixa pedra sobre pedra, e, assim, a campanha vai descendo a ladeira na direção do dia 7 – no ajuste de conta do passado com o futuro de um Maranhão sem poucos donos da riqueza e sem a miséria dividida entre quase todos.