Por que “secar” a Seleção?

A Seleção Brasileira, festejada mundo afora e sempre tida como “favorita” em todas as Copas, desde o tricampeonato do México em 1970, estreia hoje contra a Suíça, na Rússia. A pergunta que não quer calar é: Por que tanta gente vai torcer contra o time de Tite, novamente tido como favorito? Basta percorrer os bairros […]

A Seleção Brasileira, festejada mundo afora e sempre tida como “favorita” em todas as Copas, desde o tricampeonato do México em 1970, estreia hoje contra a Suíça, na Rússia. A pergunta que não quer calar é: Por que tanta gente vai torcer contra o time de Tite, novamente tido como favorito? Basta percorrer os bairros de São Luís, onde a população costumava fazer mutirão para mudar a paisagem das ruas, colorindo-as com bandeirolas verde amarelo e pintando o chão com a reprodução da Bandeira Nacional, para sentir, hoje, o estado de espírito desanimado em relação à representante, na Rússia, do “país
do futebol”.

É tão raro encontrar esse ambiente colorido e festivo quanto espaço de ajuntamentos de torcedores para aguardar o desdobramento da partida, logo mais à tarde. Diante da crise política e econômica que derrubou até a autoestima dos brasileiros, muitos andam resmungando
contra tudo e contra todos e falando mal do país. Uma multidão diz não estar nem aí para a Seleção. Prefere torcer pelo time do coração do que perder tempo e gastar dinheiro para torcer pelo time de Tite. O interesse maior hoje é pela eleição presidencial e dos demais cargos
em disputa.

No “país do futebol”, um batalhão promete “secar” a Seleção Brasileira na Copa do Mundo, alegando os mais diversos motivos, que nada têm a ver com antipatriotismo. Se você está na expectativa pelo hexa e já comprou bandeiras e as espalhou pela casa, enfeitou o carro, preparou
o churrasco e a cerveja para a estreia do Brasil logo mais, vai querer ter uma conversa séria com moradores de Teresina, no Piauí. Na capital do vizinho estado, vários residentes da Rua 8, bairro Real Copagre, se uniram para pintar os muros e pendurar bandeirolas com as cores
da Argentina. Uma inusitada forma de protestar contra a realidade brasileira, que está dando trauma coletivo.

Nos bares de São Luís, por exemplo, o assunto principal deixou de ser futebol, mesmo nos fins de semana. A discussão é sobre a eleição de governador. Todos estão de olho na movimentação de Flávio Dino e de sua principal concorrente, até agora, Roseana Sarney, que já foi governadora por quatro vezes, num tempão de 14 anos, e só pensa em voltar. No Brasil, pesquisa do Datafolha mostra que despencou o interesse por futebol. Era 41% em 2010 e hoje, 31%. Mesmo assim, em busca de audiência, a Globo mandou para a Rússia um timaço de 196
jornalistas e técnicos. Equipe maior até do que as emissoras do país de Wladimir Putin.

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