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Os vices que estão fazendo história

Os vices e como se comportam: o Brasil nem bem acabou de sair de uma crise política e institucional e já se encontra dentro de outra

O Brasil nem bem acabou de sair de uma crise política e institucional e já se encontra dentro de outra. Em 12 de maio de 2016, com base no artigo 86 da Constituição, sacramentou-se, com mais de dois terços do Congresso, a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Sacramentada no Senado a admissibilidade do impeachment por crime de responsabilidade nas chamadas “pedaladas fiscais” de Dilma, o pais ganhou novo rumo político, econômico e judicial. Dilma afastada por 180 dias, o vice Michel Temer assumiu e o país virou um monstrengo com dois presidentes, um caos jurídico sem precedente. No resto, o enredo é história. Temer passou à condição de golpista e conspirador.

Agora, na primeira eleição depois do episódio Dilma-Temer, a atual vice-presidente Hamilton Mourão (general reformado) já consegue construir um protagonismo dentro de seu espaço determinado pela Constituição. Enquanto o titular Jair Bolsonaro permanecer internado sem condições de despachar no Palácio do Planalto, Mourão age, fala, diverge do titular e até aparece simpático para alguns segmentos da esquerda. O “Mourismo”, contudo, não cheira nem de longe a golpismo. Mas mostra fôlego político de um militar ponderado e bem articulado. Ele não se incomoda com quem chama isso de “um flertar perigoso” para a esquerda. Como por exemplo, ter chamado para conversar no Planalto, o presidente da CUT, entidade umbilicalmente ligada ao PT.

Enquanto Mourão provoca “choque” em setores militares e na engrenada direita, liderada por Jair Bolsonaro, seus arroubos moderados abrem uma janela nesses tempos nublados. Também do Maranhão, outro vice atua com desenvoltura, no sentido inverso do cenário político brasileiro. O vice-governador Carlos Brandão sai do imobilismo reservado à sua condição e se entranha em Brasília onde Flávio Dino, abrindo caminho onde o “comunista” tem dificuldade de penetrar. Brandão age com serenidade, não desafia o contraditório e constrói pontes que possam levar Flávio Dino a ser compreendido pelo staff de Bolsonaro. Mesmo pisando em ovos, ele transita positivamente na Esplanada.

Brandão age também em outra frente. Na seara sarneísta, ele é visto sem desconfiança, assim como lida sem crise com o petismo. O vice de Dino coloca o Maranhão acima das ideologias e quebra resistências no cipoal tenebroso entre direita bolsonarista e esquerda “comuna-flavista”. Assim como o vice Mourão atrai simpatia no flanco esquerda, pondo suas ideias à prova do divisionismo radical, Carlos Brandão mitiga o confronto ideológico com diplomacia e o jeito próprio de fazer a política. Tudo isso, sem deixar escapar nenhum fiapo de conspiração. Mourão, também, não.

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