Os desafios batem à porta
Para ganhar a reeleição em 2018, o governador Flávio Dino tem uma tarefa tão dura, ou talvez até mais rochosa do que foi derrotar o grupo Sarney em 2014. Dos 50 anos de mandonismo no Maranhão, só Roseana Sarney passou 14 anos dando as cartas no Palácio dos Leões, um recorde nacional. Foi tempo mais […]
Para ganhar a reeleição em 2018, o governador Flávio Dino tem uma tarefa tão dura, ou talvez até mais rochosa do que foi derrotar o grupo Sarney em 2014. Dos 50 anos de mandonismo no Maranhão, só Roseana Sarney passou 14 anos dando as cartas no Palácio dos Leões, um recorde nacional. Foi tempo mais do que suficiente para transformar o modelo de gestão, mudar a carranca assustadora da pobreza no Estado,
impedindo que os ricos aumentassem suas fortunas e os pobres
expandissem os indicadores de indigência. São 50% das famílias maranhenses penduradas no Bolsa Família. Um absurdo. É preciso tirar o Maranhão de estado periférico do Nordeste, que já é periférico do Brasil.
Para ganhar o novo mandato, Flávio Dino tem que derrubar a desigualdade, qualificar a educação dos jovens, quebrar paradigmas, derrubar as escolas de taipa, dar dignidade ao aprendizado, continuar implacável com irregularidades, derrubar os índices de violência, apoiar a população rural a produzir alimentos em quantidade e qualidade, compartilhar o governo com quem produz e gera riqueza e provar aos analfabetos políticos que o sentimento de ódio a comunistas é uma
patologia curável, hoje superada até na antiga União Soviética.
A pobreza é o ambiente para fecundar a política de dominação. Isso é história, que vários estados conseguem superar, primeiro derrubando as oligarquias estaduais, e depois com educação de qualidade, geração de renda, comida na mesa e parcerias com o setor produtivo. No Maranhão, foram 50 anos em que nem o governo do Estado e a Prefeitura da capital conseguiram trabalhar juntos pela população. Só agora isso é possível. Portanto, são esses alguns dos desafios de Flávio
Dino para retornar em 2019.
A elite maranhense é atrasada. Odeia “comunista” como se São Luís de Flávio Dino fosse uma Cuba de Fidel Castro. A classe média segue na mesma direção, porque tem a gênese no serviço público apadrinhado e oligarquias municipais. Na outra ponta, a mesma matriz social, onde a massa excluída no máximo pega as rebarbas, nos menores salários, ou nem isso. O modelo implantado no Maranhão foi tão bem construído,
que chega ao absurdo de muita gente sentir saudade dos 50 anos de mandonismo. É o mesmo que desejar no século 21 a volta do regime escravocrata.