Os comunistas do Maranhão estão no poder
O Maranhão é o único estado brasileiro que é comandado por comunistas no Poder Executivo e no Poder Legislativo
O Maranhão é o único estado na história brasileiro a ter o Poder Executivo e o Legislativo nas mãos de dois “comunistas”. Ontem, o governador Flávio Dino, filiado ao PCdoB, prestigiou a posse dos 42 deputados da Assembleia Legislativa, que, como ele, foram eleitos no mesmo pleito de 7 de outubro do ano passado. Coincide com o mandato do presidente Jair Bolsonaro, do PSL – assumidamente um político de direita. Por essas e outras é que o Brasil é um país fascinante, com uma democracia consolidada, onde nela cabe até situações tão atípicas e surrealistas, que podem ser enquadradas no politicamente incorreto.
Tem um estado com dois poderes comandados por filiados ao Partido Comunista do Brasil, mas o governo do Maranhão nem de longe tem aparência ou prática de um estado comunista. Circunstancialmente, vive esse momento histórico que desperta interesse e curiosidade. Como imaginar o comunismo instalado no Maranhão? Trata-se de uma ideologia política e socioeconômica aplicada numa sociedade igualitária, através da abolição da propriedade privada, das classes sociais e do próprio Estado. Embora a ideia de igualdade baseada no fim das classes tenha sido defendida por filósofos desde a antiguidade, o comunismo está associado sobretudo à teoria dos pensadores Friedrich Engels e Karl Marx. Porém, tais ideias e práticas passam longe do Maranhão, tal qual a distância que o separa da China Comunista. Assim sendo, os “comunistas” do Maranhão não têm nada de comunismo. Parece um nome fantasia de uma empresa, por exemplo, como a Pacotilha, que nada mais produz do que jornal impresso no Maranhão.
Ontem, o “comunista” Othelino Neto (PCdoB) foi eleito, por aclamação, presidente da Assembleia Legislativa, composta por uma bancada de seis deputados “comunistas”, na presença de Flávio Dino, único governador “comunista” do Brasil. Para os próximos dois anos, Othelino, eleito com a chapa “Igualdade e Democracia”, começou fazendo história.
É a primeira mesa diretora da história da Alema, com cinco mulheres e apenas quatro homens. Significa que Othelino levou em conta a população maranhense, com maioria feminina e o eleitorado também. Democracia plena de gênero – palavra tão polêmica quanto “comunismo” nos dias de hoje no Brasil.