Os cinco votos

Em 1986, quando José Sarney,Tancredo Neves e outros líderes do PMDB costuravam a famosa Aliança Democrática com a chapa para enfrentar Paulo Maluf no Colégio Eleitoral,o então deputado Epitácio Cafeteira, figura importante na discussão e inimigo de Sarney,soltou uma frase que depois parece ter-lhe dado dor de cabeça. Disse numa roda em Brasília que,para ser […]

Em 1986, quando José Sarney,Tancredo Neves e outros líderes do PMDB costuravam a famosa Aliança Democrática com a chapa para enfrentar Paulo Maluf no Colégio Eleitoral,o então deputado Epitácio Cafeteira, figura importante na discussão e inimigo de Sarney,soltou uma frase que depois parece ter-lhe dado dor de cabeça. Disse numa roda em Brasília que,para ser eleito governador do Maranhão, só precisaria
de cinco votos: De José Sarney, dona Marly,Roseana,Zequinha e Fernando – isto é,da poderosa família Sarney.

Ele dava a devida dimensão ao peso político dos Sarney.Mas não queria o incômodo da fala sair em jornal, mostrando a reviravolta de seu pensamento,quando ainda era considerado adversário de Sarney, mas já na fase de amolecimento das tensões.Era a costura da tal aliança Tancredo-Sarney –saindo da presidência do PDS,ex-Arena, para ingressar no PMDB.A frase foi publicada por este Bastidores,passada
por uma fonte segura.Cafeteira, sem negar o dito,ficou possesso,pela publicação e queria porque queria que eu revelasse quem a havia me passado.

Quando argumentei sobre a proteção constitucional do sigilo da fonte (art.5º, XIV, da Constituição Federal),Cafeteira entendeu,mas não se conformou.Depois de fazer as pazes com o inimigo numero 1 da política,José Sarney, já na Presidência da República,Cafeteira voltou a me abordar,já governador,no Palácio dos Leões,onde fazia cobertura
política,sobre a informação dos cinco votos.“Amanhã é meu aniversário e queria que tu me desses um presente”.Eu,espantado, indaguei: “Como assim, lhe dar presente?”E ele: “A informação dos cinco votos, quem te passou?”.

Calmamente,me defendi,alegando que a fonte era séria e que eu continuava amparado no Código de Ética do jornalismo e na Constituição.Ele mudou de assunto. Em outra ocasião,numa entrevista para o jornal O Globo,do qual eu era correspondente no Maranhão,o governador voltou ao mesmo tema, mas de outra forma: “Já sei quem te deu a informação dos cinco votos.Só quero que tu confirmes ou não”.

Diante de minha perplexidade,apenas achando graça,ele arrematou,no seu estilo prosaico: “Não será o Benedito?” E era.Foi meu amigo e compadre, jornalista e escritor Benedito Buzar,hoje presidente da AML. E a frase era verdadeira.Talvez, por pura coincidência, Buzar, que presidia a Maratur(empresa estatal de turismo), “dançou” na primeira mudançano secretariado. Era apadrinhado de Roseana Sarney no cargo.

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