Os blocos de sujos
O Senado arrastou até parlamentares de ambulância e de cadeira de rodas para salvar o mandato do senador mineiro Aécio Neves, neto de Tancredo. Ele, porém, continua com a imagem maculada por uma série de denúncias no âmbito da Lava-Jato e fora da operação comandada pelo juiz Sérgio Moro. Dos 44 votos que salvaram Aécio […]
O Senado arrastou até parlamentares de ambulância e de cadeira de rodas para salvar o mandato do senador mineiro Aécio Neves, neto de Tancredo. Ele, porém, continua com a imagem maculada por uma série de denúncias no âmbito da Lava-Jato e fora da operação comandada pelo juiz Sérgio Moro. Dos 44 votos que salvaram Aécio da área de afogamento político, 21 senadores estão enrolados em processos no Supremo Tribunal Federal. Um autêntico abraço de afogados.
O presidente Michel Temer entrou duro no corpo a corpo para negociar a votação, indo pessoalmente à casa de Aécio na véspera da sessão no Senado. Com o PMDB dono da maior bancada na Casa, o partido do presidente salvou o tucano para que os tucanos o salvem no julgamento
da Câmara dos Deputados. Acordo de argolados, que se enquadra no famoso efeito Orloff: “Eu posso ser você amanhã”. No sentido inverso, dá no mesmo.
O jogo é pesado e sujo. A regra quem faz é o dono da bola. Pode ser tanto o Judiciário, quanto o Executivo, com a chave do cofre do Tesouro, ou a bancada de maior representação na Câmara e no Senado. Ao saber que Michel Temer quer passar aos deputados do DEM a escolha do presidente do BNDES, em troca de apoio, o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu irritado: “É bom que fique claro ao governo que eu não estou à venda”.
Já o senador tucano Ricardo Ferraço (PSDB-ES), em viagem oficial em Abu Dhabi, Emirados Árabes, disse que salvar o mandato de Aécio foi um deboche. O presidente da legenda, Tasso Jereissati, também reage. “Aécio não tem condições de voltar a dirigir o PSDB. Outro tucano de bico largo, o FHC, classificou de “desastrada” a portaria de Temer que, ao atender à bancada ruralista na Câmara, desmonta o programa
de combate ao trabalho escravo no Brasil, mundialmente reconhecido. Ontem, os auditores que fiscalizam o trabalho escravo cruzaram os braços em 21 estados.