O sonho espacial

Há mais 30 anos, a base de lançamentos espaciais a partir de Alcântara, do outro lado da Baía de São Marcos, que a separa de São Luís, começou a sair do papel, como um gerador de conflitos internos, entre autoridades e comunidades quilombolas; entre governos do Brasil, dos Estados Unidos e da Ucrânia. No debate […]

Há mais 30 anos, a base de lançamentos espaciais a partir de Alcântara, do outro lado da Baía de São Marcos, que a separa de São Luís, começou a sair do papel, como um gerador de conflitos internos, entre autoridades e comunidades quilombolas; entre governos do Brasil, dos Estados Unidos e da Ucrânia. No debate das ações científicas, se chocam interesses universais, que vão desde o direito a sobrevivência e moradia de pescadores, até as tecnologias mais avançadas do planeta. Paralelamente, potências disputam do mercado bilionário de lançamentos espaciais, cada vez mais complexos e interligados à vida das pessoas.

Ainda no regime militar de 1964, Alcântara foi colocada no centro do desenvolvimento científico, com possibilidade de colocar o Brasil no seleto clube de países com plataforma e tecnologia de lançamento de foguetes e satélites especiais. Nesses anos, o mundo já fez monumentais descobertas planetárias, o Brasil passou por imensas
transformações científicas, mas os lançamentos a partir de
Alcântara não passam de experimentos e fracassos. Agora, depois de interrupções de acordos internacionais, o governo Michel Temer promete reacender a polêmica e tentar colocar foguetes made in Brasil em órbita da terra.

Desta vez, seria a renovação da parceria com o governo norte-americano de Donald Trump. Será o pulo do gato científico que falta? O Brasil já sonha alto: faturar US$ 1,5 bilhão por ano com o CLA, explodido em 2003, com 23 mortes de técnicos e cientistas transformados em pó.
Até hoje não se sabe exatamente se a tragédia foi resultado de barbeiragem científica brasileira ou sabotagem tecnológica internacional, acionada à longa distância.

Em 2017, em plena recessão “braba”, Temer quer sacudir a poeira do Programa Espacial Brasileiro e marcar ponto na história, fazendo o que seus vários antecessores não conseguiram: fazer Alcântara referência mundial. Se a operação for bem-sucedida, o Maranhão vai ganhar até uma escola técnica do Instituto Aeroespacial da Aeronáutica. Para o Brasil, seria a afirmação da ciência de sítio mais bem posicionado do mundo, o que colocaria o sonho grandioso literalmente no espaço. Os quilombolas mais jovens poderão ver ao ser redor o que os mais velhos não presenciaram. Alcântara seria o centro do mundo brasileiro. Resta cruzar os dedos e pedir energia positiva do espaço sideral.

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