O pretinho bom de voto
Já eram previsíveis os confrontos entre oposição e governo neste começo de ano na Assembleia Legislativa do Maranhão. O que ninguém imaginava era que o asfalto acabasse sendo o tema mais explosivo no plenário. A oposição, desde 2015, quando o governo Flávio Dino lançou o programa “Mais Asfalto”, vem taxando-o de eleitoreiro. Em 2016, quando […]
Já eram previsíveis os confrontos entre oposição e governo neste começo de ano na Assembleia Legislativa do Maranhão. O que ninguém imaginava era que o asfalto acabasse sendo o tema mais explosivo no plenário. A oposição, desde 2015, quando o governo Flávio Dino lançou o programa “Mais Asfalto”, vem taxando-o de eleitoreiro. Em 2016, quando a malha viária urbana e rural foi ampliada para mais de 100
municípios, o clima esquentou mais, com pedidos de informações à pasta da Infraestrutura e discursos contundentes.
Ontem, finalmente, o secretário Clayton Noleto foi ao parlamento prestar informações sobre o programa, que investe R$ 243 milhões este ano. Em 2016, foram R$ 169 milhões, em 629km de vias asfaltadas em 119 municípios. E quando se fala em cifras tão volumosas, aplicadas em pavimentação e asfaltamento de rodovias e vias urbanas, é briga na certa. É essa melhoria que muda bairros, cidades, povoados, meios de produção, de transporte e de tudo que diz respeito à satisfação dos beneficiários.
O asfalto é pura política social no mais amplo alcance. Quem vive ou já viveu em uma rua de chão batido, tomada por buracos, mato e poeira sabe bem o tamanho dos transtornos. E quando, ao invés de ruas, se fala em estradas, aí mesmo é que a indignação explode. O transporte público não chega, a produção não tem preço, não tem mercado. Nada funciona a contento. Por isso o asfalto é um pacto político de largo alcance. Não é à toa que o asfalto ganha até de hospitais e escolas na preferência da população.
Alguém tem dúvida de que asfalto rende voto? Obviamente que não. É o voto mais bem dado, quando o eleitor vê sua rua ou a estrada em que transita coberta com a camada preta de betume espesso, feita de material aglutinante escuro e reluzente, de estrutura sólida, constituído de misturas complexas de hidrocarbonetos não voláteis de elevada
massa molecular, além de substâncias minerais, resíduo da destilação a vácuo do petróleo bruto. Pronto. Taí a definição que o eleitor não quer nem saber, mas os políticos sabem o peso que ela tem nas urnas. Por isso, onde chega o pretinho bom de voto, chega encrenca junto.