No vale dos leprosos

Em tom de indignação, desespero e abandono de seus iguais, ou simplesmente “atirado às cobras” como se diz popularmente, o homem que já foi braço direito do presidente Michel Temer e homem influente em Brasília como ministro de Estado, Geddel Vieira Lima disparou ontem a quem interessar possa, em forma de desabafo: “Vejo hoje que […]

Em tom de indignação, desespero e abandono de seus iguais, ou simplesmente “atirado às cobras” como se diz popularmente, o homem que já foi braço direito do presidente Michel Temer e homem influente em Brasília como ministro de Estado, Geddel Vieira Lima disparou ontem a quem interessar possa, em forma de desabafo: “Vejo hoje que amigos, pessoas, de longa data, me jogaram em um vale de leprosos”.

O disparo de Geddel soou como uma ameaça aos amigos encarapitados no poder central de Brasília ou também da Bahia. Geddel foi indicado por Temer para ocupar cargos no setor portuário e na Caixa Federal, até se tornar seu principal ministro, responsável pela indicação dos cargos na máquina pública, após a derrubada de Dilma Rousseff em 2016. Depois foi demitido ao tentar obrigar o ex-ministro da Cultura , Marcelo Calero,a liberar uma obra considerada ilegal pelo Iphan em Salvador, onde ele tinha um apartamento de luxo.

Se não bastasse, Geddel se viu metido na incrível história internacional de corrupção, com a apreensão pela PF de R$ 51 milhões num bunker em Salvador. Até hoje aquela novela ainda não teve o capítulo final. Mas o que virou destaque na imprensa, ontem, sobre Geddel, foi a frase bíblica relativa ao Vale dos Leprosos. Na época de Cristo, um dos grandes problemas, tanto de saúde, quanto social, era a hanseníase, a lepra. Cada pessoa com a doença tinha que ser isolada do convívio social e ir para o chamado Vale dos Leprosos.

Ter hanseníase era uma condenação do corpo e até da alma. O doente sofria três tipos de exclusão: a geográfica, por ficar como que aprisionado no Vale dos Leprosos; a social, por não poder mais se relacionar com parentes, vizinhos e a comunidade; e, ainda, era considerado uma pessoa castigada por Deus, sofrendo, assim, talvez, a pior delas: a exclusão espiritual. É de isolamento assim que o ex-ministro Geddel se recente, mesmo sem ter nenhuma doença do corpo. Ele aparenta ser saudável, mas carregando o peso do abandono a que foi renegado pelos amigos, aliados e protetores.

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