No Maranhão, tornou-se lugar comum o afastamento, prisão ou investigação contra gestores municipais por diferentes formas de crimes contra o erário. O mais rumoroso desses casos aconteceu há três anos contra a então prefeita de Bom Jardim, Lidiane Leite, chamada de prefeita ostentação. A vice, que assumiu o mandato, Malrinete Gralhado
também acabou sendo afastada por improbidade.

Em Paço do Lumiar, durante toda a gestão anterior a 2017, foi marcada por troca-troca de prefeitos e secretários na chefia do município. Em Serrano do Maranhão, a população já nem sabia quem era o prefeito de plantão, de tanto entra e sai na prefeitura. Já no presente mandato,
dos eleitos em 2016, vários deles já foram afastados, como aconteceu, de novo, com o de Bom Jardim.

Uma substanciosa matéria produzida pelo jornalista Edson Luiz, do site Eder Constant, revela um mar de corrupção em meio à miséria do Nordeste. Ele investigou cada município, com seus dramas sociais e seus esquemas corruptivos no sertão. Só em fraudes em licitações nos municípios da região, desviaram R$ 2,9 bilhões em recursos públicos em três anos. O esquema milionário de fraudes atingiu diretamente
áreas cruciais para a população: saúde e educação.

As contas da Polícia Federal revelam que pelo menos R$ 1 bilhão foi desviado do sistema de saúde só do Maranhão. O alvo da Operação Sermão aos Peixes – batizada em alusão à repreensão dada pelo padre Antônio Vieira aos colonos, em 1654, ao criticá-los sobre a prática da corrupção – eram organizações não governamentais encarregadas
de gerenciar unidades hospitalares no interior ao longo dos últimos oito anos. Só o volume de saques em dinheiro realizados variou entre R$ 18 milhões e R$ 36 milhões.