Jogo pesado do Centrão
Bolsonaro resolveu estender a mão às raposas que mandam no Congresso e abrir o diálogo com quem faz o que ele chama de “velha política”
De repente o presidente Jair Bolsonaro mudou de postura e caiu na real. Resolveu estender a mão às raposas que mandam no Congresso, agasalhados no Centrão, e abrir o diálogo com quem faz o que ele chama de “velha política”. Com esta, só lhe falta recorrer ao aconselhamento gratuito que o ex-presidente José Sarney tem oferecido a sucessivos ocupantes do Planalto. Está mais do que provado que o governo do PSL está longe de compreender as manhas e artimanhas do Congresso Nacional, instituição que ele vinha tentando impor a posição do “posso, mando”.
Menos de 24 horas após o quebra-pau na CCJ da Câmara entre o ministro Paulo Guedes (Economia) e parlamentares, o presidente Bolsonaro escancarou as portas de seu gabinete para ouvir o chororô dos dirigentes partidários do Centrão. Percebeu o tamanho da encrenca para construir uma base de apoio. Pior ainda, pisando no calo dos parlamentares, como se ele não soubesse como a política é exercitada na Câmara, onde esteve por 29 anos, e no Senado.
Sem uma liga forte na base, o governo não aprova a Reforma da Previdência. Ontem uma romaria de dirigentes de partidos se acotovelou no principal gabinete do Planalto.
Cada qual com seus clamores e desamores. Eles sabem que, sem os partidos, Bolsonaro não consegue chegar às bancadas e aprovar a Reforma da Previdência e outros projetos de interesse do governo. Significa que a “velha política” tanto desdenhada pelo capitão, só é velha para quem não conhece as entranhas do Congresso. O fisiologismo, a troca de apoio por cargos e verbas de emendas parlamentares nunca saem de moda. O “jogo pesado” da retórica de Bolsonaro, para o Centrão é peso pena.
Hoje quem manda no Congresso é o DEM, com presidente na Câmara e no Senado. Por isso, Rodrigo Maia (DEM-RJ) era o primeiro da fila, para assumir o comando da articulação política.
Em seguida, seis presidentes de partidos: Marcos Pereira (PRB), Gilberto Kassab (PSD), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Nogueira (PP) ACM Neto (DEM) e Romero Jucá (MDB). Outras cinco legendas serão abordadas na próxima semana: PSL, PR, Podemos, Solidariedade e Pros. É o Centrão carne e osso fazendo o que mais sabe: atuar nos momentos decisivos e aliviar a tensão que paira nos momentos difíceis – como agora – do Planalto.