Inferno brasiliense
Esta semana vai terminar pior do que começou na capital da República Brasileira. Além de dois generais defenderem intervenção militar se o Judiciário não der um jeito no caos, o Supremo Tribunal decidiu, por 10 x 1, encaminhar à Câmara dos Deputados o novo processo contra o presidente Michel Temer, acusado de corrupção e formação […]
Esta semana vai terminar pior do que começou na capital da República Brasileira. Além de dois generais defenderem intervenção militar se o Judiciário não der um jeito no caos, o Supremo Tribunal decidiu, por 10 x 1, encaminhar à Câmara dos Deputados o novo processo contra o presidente Michel Temer, acusado de corrupção e formação de quadrilha, pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antes de deixar o cargo domingo passado.
Agora o caldo pode engrossar de vez e o tacho embocar. Temer precisa negociar tudo de novo com os deputados do Centrão para tentar escapar de ser afastado. É uma negociação tão complicada quanto foi do primeiro processo. A diferença, agora, é que o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, advogado da ex-presidente deposta Dilma Rousseff, pretende usar elementos da segunda denúncia de Janot para tentar anular o golpe e reaver o mandato. Parece roteiro de filme de suspense.
Cardozo viu uma oportunidade no trecho em que Janot relaciona dois fatos: o apoio do “quadrilhão do PMDB” à queda da petista e à tentativa do grupo de barrar a Operação Lava-Jato. “Não se pode tratar o impeachment como se fosse uma ilha dissociada de tudo”, diz o ex-ministro. Para ele, a conexão entre fatos apontada na denúncia do procurador é “mais um indício da nulidade do processo contra Dilma”.
Enquanto isso, o ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para 2018, disse ontem que os investigadores da Lava-Jato estão mexendo com “um político que não roubou e não tem medo deles”, e que se sente “estimulado” para defender sua honra. “Não é porque estou acima de qualquer coisa. É porque eu não fiz o que eles dizem que eu fiz”. Tudo isso vai aumentando a temperatura do caldeirão do diabo brasiliense. Até quando pode explodir, ninguém sabe.