Espuma de sabão
Os fatos relevantes da semana no país foram: a indicação, por Michel Temer, do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o Supremo Tribunal Federal, uma das figuras mais polêmicas do governo. Depois foi o pedido do procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, ao STF, para investigar os senadores do PMDB, Renan Calheiros e Romero Jucá, […]
Os fatos relevantes da semana no país foram: a indicação, por Michel Temer, do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o Supremo Tribunal Federal, uma das figuras mais polêmicas do governo. Depois foi o pedido do procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, ao STF, para investigar os senadores do PMDB, Renan Calheiros e Romero Jucá, além do ex-presidente José Sarney e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado. Segundo Janot, o quarteto é acusado de criar embaraços aos investigadores da Lava-Jato.
Os peemedebistas são os caciques mais poderosos de Brasília, juntos, se quiserem, podem até emparedar Michel Temer, no Planalto, via Congresso Nacional. Mas isso é elucubração. Eles e seus aliados da República são detentores de foros ultraprivilegiados. Agora, muito mais, com a indicação de Alexandre de Moraes para revisor da Lava-Jato. E Janot sabe bem disso. Afinal, sua papelada ao STF é baseada naquelas gravações de Sérgio Machado com Sarney e outros. Em uma das conversas, Romero Jucá citou um suposto “acordo nacional” para “estancar a sangria dessa porra”. A Lava-Jato.
Como a cúpula do poder federal em Brasília está nadando só com o nariz de fora na enxurrada da Lava-Jato, é inegável que a parte mais difícil da operação ainda está por vir, que são as delações da Odebrecht, hoje sob sigilo no STF. Um alívio aos envolvidos. Portanto, investigar Sarney, Renan e Jucá parece mais requentar fatos sem muita substância. Michel Temer, repetidamente citado na primeira delação da Odebrecht, diz que está simplesmente tranquilo quanto aos desdobramentos.
Se alguém acha que o pedido de Janot preocupa também José Sarney, Renan (líder do PMDB) e Jucá (líder do governo), é perda de tempo. Sarney não tem mais nem idade, muito menos disposição para perder tempo com eventual obstrução a investigações. Outras tantas já foram arquivadas, inclusive contra sua filha, Roseana Sarney, no mesmo STF. Afinal, Sarney, Renan e Jucá foram todos aliados do PT, governaram com o PT, detonaram com o PT e hoje estão na República do PMDB. Se brincar, ainda levam Michel Temer à disputa da eleição em 2018. “Obstrução”, portanto, rima com espuma de sabão.