Dodge no quarto poder

Para o economista e escritor Maílson da Nobrega, exministro da Fazenda do governo José Sarney, “o MP tornou- se na prática um quarto poder. Não se subordina ao Legislativo, nem ao Executivo, nem ao Judiciário. Passou a dispor de discricionariedade incomum a atores não eleitos. Transformou-se em organização incomum na democracia”. Ontem, a nova chefa […]

Para o economista e escritor Maílson da Nobrega, exministro da Fazenda do governo José Sarney, “o MP tornou- se na prática um quarto poder. Não se subordina ao Legislativo, nem ao Executivo, nem ao Judiciário. Passou a dispor de discricionariedade incomum a atores não
eleitos. Transformou-se em organização incomum na democracia”.
Ontem, a nova chefa da Procuradoria Geral da República, Raquel Dodge, assumiu o cargo, nomeada  pelo presidente Michel Temer, denunciado pela mesma PGR por obstrução à justiça e organização criminosa.

Na mesa oficial da solenidade, Dodge foi ladeada, protocolarmente,
pelo mesmo Temer, os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; do Senado, Eunício Oliveira; e do Supremo Tribunal, Cármen Lúcia. Esta, a única dos convidados, não denunciada à Justiça por
corrupção. Um caso inédito na história da República brasileira. Ali, conforme Maílson, estavam os quatro poderes. Faltou o antecessor de Dodge, Rodrigo Janot, que preferiria ter deixado como substituto o procurador de sua confiança, Nincolao Dino, o mais votado no pleito.

Janot, apesar da tremenda visibilidade que permitiu ao MPF, saiu do cargo chamuscado na visão de muitos e herói, na de outra legião que viu na Lava-Jato a salvação do Brasil e um basta definitivo na corrupção. Seus críticos dizem coisa como essa: “Abriu mão da imparcialidade e da prudência para vestir a capa de enxadrista político”, avaliação
é do jornalista Ricardo Cappelli, secretário que representa o governo do Maranhão em Brasília, no site Congresso em Foco. Diz que no “episódio Odebrecht”, Janot optou pelo caminho fácil do aplauso e da infâmia. Misturou corrupção com caixa dois e até “ouvi dizer”. Jogou a política aos leões”.

Por sua vez, Raquel Dodge assumiu o mandato de dois anos sem fazer referência expressa à Operação Lava-Jato, dizendo que ninguém está acima ou abaixo da lei e prometeu ser firme no combate à corrupção. Adversária interna do antecessor, Raquel, porém, agradeceu a Rodrigo Janot pelo legado deixado à frente da PGR. Segundo ela, o povo brasileiro “não tolera a corrupção” e o Brasil passa por um momento de
“depuração”. Já o presidente Temer não falou em corrupção. Disse: “Toda vez que há um ultrapasse dos limites da Constituição Federal ou da lei, verifica-se abuso de autoridade”

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