Diálogo de surdos

Ainda é possível o diálogo do governo com os caminhoneiros.O diálogo se dá entre iguais e diferentes, nunca entre antagônicos,nos ensinou Moacir Gadotti.Vale acrescentar:até o beijo,por exemplo,é um gesto de diálogo – inclusive o da mulher-aranha –, ao contrário do soco, que é um ato de valentia.No Brasil,nessa crise generalizada,está faltando diálogo,interlocução, e sobrando bravata […]

Ainda é possível o diálogo do governo com os caminhoneiros.O diálogo se dá entre iguais e diferentes, nunca entre antagônicos,nos ensinou Moacir Gadotti.Vale acrescentar:até o beijo,por exemplo,é um gesto de diálogo – inclusive o da mulher-aranha –, ao contrário do soco, que é um ato de valentia.No Brasil,nessa crise generalizada,está faltando diálogo,interlocução, e sobrando bravata – uma covardia reprimida
em forma de valentia mal correspondida.Os caminhoneiros querem mostrar valentia,sustentada, porém,por reivindicações justas,e o governo Temer tenta um diálogo de validade vencida.

Se o diálogo é o instrumento que sustenta a democracia,a radicalização dos caminhoneiros e de parte do governo coloca em risco o futuro da nossa trôpega democracia brasileira. Uma série de indícios aponta para rápida deterioração do princípio da tolerância,base na qual se assenta o
diálogo, que leva ao consenso,tão espezinhado na política,no Executivo e no Judiciário.Os poderes perderam-se nesse caminho que nos garante a todos um futuro democrático.

Ontem,o presidente Michel Temer disse que,“quando alguns rejeitam o diálogo e tentam parar o Brasil”,ele exerce autoridade para preservar a ordem e os direitos à população.Reconheceu que,antes de tudo,“o diálogo é fundamental,leve quanto tempo levar”.Ele falou na abertura do Fórum de Investimentos Brasil, em São Paulo.Já o seu ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),general da reserva
Sérgio Etchegoyen,informou que sete pessoas infiltradas na paralisação dos caminhoneiros foram presas no Maranhão.

Enquanto o Brasil vive a situação caótica,os caminhoneiros pulverizaram suas lideranças, sobre as quais é impossível fechar qualquer acordo sobre as reivindicações da categoria.Elas também não são uniformes e já aparecem até lideranças acusando lideranças de tentarem “derrubar o governo Michel Temer”.Por sua vez, na prisão em Curitiba,a maior liderança do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva,disse aos deputados que o visitaram ontem estar preocupado com o desabastecimento no país,enquanto,por outro lado,não sinaliza trégua na luta para provar que é um condenado sem provas.

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