Realidade

De­sen­ver­gar o Ma­ra­nhão é investir na educação dos mais pobres

Investir em educação é promover justiça social aos que mais precisam de atenção do poder público

O verbo desenvergar está no modo infinitivo e impessoal. Assim sendo, como o próprio nome diz, não carrega nenhuma marca de pessoa. Ele não se conjuga. Não dá nenhuma indicação sobre a temporalidade. É o verbo da proposição principal que indica em que momento se situa o processo. Mas isso é uma digressão gramatical que pouco tem a ver com o que pretendo dizer neste espaço. Quero falar, na realidade, não de verbo, mas de verba. A verba investida pelo governo Flávio Dino nos 30 municípios do Maranhão de pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Os mais paupérrimos, também do Brasil, cujos indicadores sociais, que nos enchem de vergonha, andam de mãos dadas há séculos. Pela indiferença e alimentados por discursos deslavados sobre a pobreza extrema e a riqueza de sua população.

O programa “Mais IDH”, com a visão para suprir a indiferenças berrantes sobre a vida miserável daqueles 30 municípios, marcados no mapa do Brasil como estuários de uma condição social degradante, impensável nos dias atuais.

De gente de pele ressecada pelo sol, de baixíssima escolaridade ou analfabeta, de sobrevivência dependente da roça de toco, onde se planta para comer e subsistir, se colher. IDH para essas pessoas é o mesmo que IDH. Não faz sentido algum na mesa, em suas vidas. É sobre essa realidade, que o jornalista Xavier Bartaburu e o fotógrafo Fellipe Neiva passaram dois meses escarafunchando a vida orgânica dos 30 municípios paupérrimos, atendidos pelo “Mais IDH”, e produziram o livro “Fim do Desenvergar”.

Como não vi a obra, que vai ser lançada no próximo dia 28 no Palácio Henrique de La Rocque, na presença de Flávio Dino, dela não posso falar. Eles contam 30 histórias que, certamente, servirão para aprofundar o debate sobre a miséria social, seus desdobramentos e consequências no Maranhão. Pobreza não é verbo infinitivo, é substantivo.

Na situação de “extrema pobreza”, há uma multiplicidade de carências na condição humana. Em 2018 a extrema pobreza, subiu 11% no Brasil e atinge 7% da população. É gente que ganha menos de US$ 1,90 de renda domiciliar per capita por dia ou 136 reais por mês. Dos 30 municípios maranhenses do “Mais IDH” foi retirado o material para o livro “Desenvergar”. Desentortar a pobreza – no infinitivo. Lógico.

O Maranhão realmente anda mais envergado do que o resto do Brasil. É que no país, a riqueza é distribuída de forma extremamente desigual. Somados, os seis brasileiros mais ricos têm o mesmo patrimônio que os 100 milhões na base da pirâmide social – e a maior parte destes são pardos ou negros, descendentes de escravos trazidos há mais de 350 anos da África. De baixa escolaridade, habitantes da zona rural, das periferias urbanas e vítimas preferenciais da violência. Os excluídos que a elite adora vê-la lavando seu banheiro, mas odeia só de pensar em tê-la como companheiro de um voo ou perto de seus filhos na escola.

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