Como o “homem do Sarney” chegou ao TCU
Não é a primeira vez que o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Raimundo Carreiro se envolve em temas polêmicos como membro da Corte. Há dois anos, o maranhense de Fortaleza dos Nogueiras conseguiu, na Justiça, alterar a data de seu nascimento, tornando-se dois anos mais jovem. Até então, ele havia nascido em […]
Não é a primeira vez que o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Raimundo Carreiro se envolve em temas polêmicos como membro da Corte. Há dois anos, o maranhense de Fortaleza dos Nogueiras conseguiu, na Justiça, alterar a data de seu nascimento, tornando-se dois anos mais jovem. Até então, ele havia nascido em 1946, mas passou para setembro de 1948. Na prática, os dois anos lhe garantiam alongar a permanência no TCU, adiando a aposentadoria compulsória que seria aos 70 anos e agora, com a PEC da Bengala, passou para 75.
Seja pelo motivo que foi, com a alteração, Raimundo Carreiro poderia tomar posse na presidência do Tribunal para o biênio 2017/2018, o que não ocorreria se tivesse de deixar a Corte em 2016. Na época, ele disse que fez apenas a correção na certidão de nascimento, tirada no interior, quando os cartórios não tinham os cuidados de hoje na expedição desse tipo de documento, na maioria das vezes tirado fora do tempo certo, como, aliás, até hoje ocorre.
Mesmo assim foi uma providência no mínimo desconfortável ao hoje vicepresidente do TCU. Assim foi a atitude dele em se dar por impedido em continuar na relatoria do processo sobre a tentativa de acordo de leniência entre a empreiteira UTC e o Ministério Público Federal.
Segundo matérias de O Globo e outros jornais, o ministro e o advogado Thiago Cedraz, filho do presidente do TCU, Aroldo Cedraz, entram no rolo da Lava-Jato. Thiago, segundo o noticiário, virou suspeito de receber propina da UTC para intervir a favor da empreiteira num processo que corria na Corte. Carreiro chegou ao colegiado do TCU depois de ter feito carreira no Senado Federal, Casa que o então senador José Sarney presidiu por quatro mandatos.
Lá, o maranhense exerceu vários cargos, dentre eles, o de chefe da Assessoria da Mesa, por mais de uma década. Sua ascensão no Senado se deveu a dois fatores: sua condição de técnico competente e funcionário exemplar, e a “força” que sempre lhe deu José Sarney, a quem sempre foi e continua sendo muito ligado. A indicação para o TCU, portanto, não poderia ser de outra lavra. Ficou até conhecido como “homem de Sarney” no TCU.