Cinismo ao extremo

Está cada vez mais difícil alguém olhar para os políticos do Brasil – claro que há muitas exceções – sem a sensação de náusea. Em meio à efervescência infernal de Brasília, que cada dia afunda a credibilidade do país perante o mundo, o Congresso e o Palácio do Planalto viraram um laboratório de produção em […]

Está cada vez mais difícil alguém olhar para os políticos do Brasil – claro que há muitas exceções – sem a sensação de náusea. Em meio à efervescência infernal de Brasília, que cada dia afunda a credibilidade do país perante o mundo, o Congresso e o Palácio do Planalto viraram um laboratório de produção em série de coisas que dão nojo e indignação. Enquanto a Câmara põe em tramitação a segunda denúncia
da PGR contra o presidente Michel Temer, por obstrução de Justiça e organização criminosa, mais uma imoralidade ganha corpo no Congresso: aposentadoria especial para parlamentares ex-parlamentares.

É impressionante a capacidade de alguns representantes do povo de esbanjarem cinismo, como quem pratica bullying contra uma criança indefesa. A proposta foi chamado de lei “imoral” pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e recebeu parecer contrário da Advocacia Geral da União (AGU). Mesmo assim, ganhou o apoio do governo no STF, como parte do Plano de Seguridade Social
dos Congressistas (PSSC), que favorece a aposentadoria dos atuais e de ex-integrantes da Câmara e do Senado.

Tudo isso ocorre no momento em que o governo busca angariar votos para os seus dois maiores desafios no Legislativo: barrar o andamento da nova denúncia criminal contra Temer e aprovar a reforma da Previdência, que reduz direitos exatamente sobre a aposentadoria dos milhões de brasileiros. Criado em 1997, o PSSC garante aos parlamentares aposentadoria integral, averbação de mandatos passados, atualização no mesmo percentual do parlamentar na ativa, a chamada paridade, acúmulo de benefícios que extrapolam teto constitucional, pensão integral em caso de morte e custeio das aposentadorias por conta da União. Como é que pode? Um deboche!

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